Os investimentos do governo brasileiro em políticas públicas de distribuição de renda, de saneamento e de melhoria na alimentação e nutrição estão contribuindo para superar a mortalidade infantil no País, revelam dados da pesquisa “Saúde Brasil 2008”, divulgada pelo Ministério da Saúde na última semana.
O número de mortes de crianças menores de um ano de idade por diarreia no Brasil caiu 93,9% em 25 anos – passando de 32.704, em 1980, para 1.988, em 2005. Com a redução, o problema deixou de ser a segunda causa de mortalidade infantil (24,3% em 1980) no País e passou para a quarta posição (4,1% em 2005), de um total de seis principais causas. No mesmo período, o número absoluto de mortes infantis caiu 71,3% – de 180.048 para 51.544. Os dados são referentes ao período de 1980 a 2005 e integram o estudo, que revela tendência de queda na taxa de mortalidade infantil (TMI) em todo o país.
Melhora consistente – Além da diarreia, outros quatro grupos de causas de mortalidade infantil apresentaram redução no mesmo período. A queda foi de 97,2% no número de óbitos infantis por doenças imunizáveis (como poliomielite e sarampo); de 89,2% por desnutrição e anemias nutricionais; de 87,5% por infecções respiratórias agudas (como pneumonia); e de 41,8% por afecções perinatais – problemas que acometem as crianças na primeira semana de vida, ainda que a morte ocorra depois. O grupo de malformações congênitas, como causa de óbitos, por sua vez, manteve-se estável.
Segundo dados da Rede Interagencial de Informações para a Saúde (Ripsa), a taxa de mortalidade do País vem caindo de forma constante, passando de 50,6/1.000 nascidos vivos em 1991 para 23,1/1.000 nascidos vivos em 2007.
Se esse ritmo for mantido, em breve o Brasil chegaria a um índice de mortalidade infantil de 14,4 mortes para cada mil crianças menores de 1 ano, atingindo a meta do milênio com quatro anos de antecedência, destaca o Ministério da Saúde. Nos anos 80, as principais causas de óbitos infantis estavam relacionadas às doenças infecto contagiosas, que sofreram um declínio nas décadas seguintes, crescendo em importância as causas perinatais, decorrentes de problemas durante a gravidez, parto e nascimento, respondendo por mais de 50 % das causas de óbitos no primeiro ano de vida.
Ministério alerta contra obesidade – O melhor acesso à alimentação não garante que as pessoas passem automaticamente a se alimentar de forma correta e saudável. Há o risco de o brasileiro passar de um estado de desnutrição para o de sobrepeso, principalmente entre os jovens do sexo masculino.
Nos últimos 29 anos, o grupo apresentou um aumento de 82,2% no Índice de Massa Corporal (IMC) – uma relação entre o peso e a altura.
Segundo Deborah Malta, coordenadora-geral de Doenças e Agravos Não-transmissíveis do Ministério da Saúde, o aumento do risco de obesidade entre os adolescentes reflete o atual padrão de alimentação dos jovens, que optam cada vez mais por produtos gordurosos, deixando de lado os exercícios físicos – comportamento que pode se prolongar pela vida adulta, acrescenta coordenadora.
Para fortalecer ações de orientação para uma alimentação saudável, o Ministério da Saúde aumentou o número de municípios que recebem recursos diretos para este tipo de iniciativa. Em 2009, 172 municípios receberam o incentivo, contra 132, em 2008. Anteriormente, apenas cidades com mais de 200 mil habitantes recebiam a verba. Agora, conforme portaria publicada em outubro de 2009, o critério passou a ser municípios com mais de 150 mil. Os governos locais das 172 cidades receberão R$ 6,33 milhões. Contando com os valores repassados aos estados, o total será de R$ 8,63 milhões.
Além desse investimento, o Sistema Único de Saúde (SUS) dispõe de 526 nutricionistas e 382 profissionais de educação física, que atuam nos Núcleos de Apoio da Saúde da Família em ações de promoção da saúde, incentivo e orientação para uma alimentação saudável e prática de exercícios, acompanhamento do peso e estatura dos pacientes. Os núcleos foram criados em 2008, para reforçar o trabalho das equipes de saúde da família. Há hoje cerca de 769 deles.
A orientação sobre alimentação saudável é também uma das diretrizes do programa Saúde na Escola, com equipes de saúde da família que atuam com o apoio dos professores. A iniciativa foi criada em 2008 e atende 2,6 milhões de alunos em 608 municípios em todo o território nacional. O programa funciona em cerca de 16.470 escolas.