Relato de uma mãe em desespero

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Lindolfa Cristina de Alvarenga – Bairro Santana Manhuaçu
No dia 30 de junho, passei no hospital, pois estava com muita dor, o médico mandou que eu continuasse com o remédio que já estava tomando e me liberou (Dr.Saulo). Tenho crises renais e estava grávida de oito meses. Dia 24/06 continuava com as dores, retornei ao hospital fui atendida pelo Dr. Agenor que me passou um remédio e disse que não estava na hora da criança nascer, mas era para tomar cuidado porque as infecções podiam trazer risco para criança e pediu para que eu procurasse um médico de pré-natal Dr. Celso, me mandou para o SUS para ser medicada, estava com a pressão alta. No dia seguinte procurei o Dr. Celso que me pediu para continuar tomando o remédio, para pressão alta, mas as dores continuaram. No dia seguinte continuei com dores muito fortes, não voltei ao hospital, pois com certeza aconteceria o mesmo, seria medicada e liberada, sem saber o que estava acontecendo com o meu bebê. Consegui adiantar o ultra-som que seria feito dia 10/07 no postinho. Chegando lá no SUS estava sentindo muita dor, vomitei, urinei na roupa, pediram para me atender na frente das outras pacientes, entraram em contato com o Dr. Celso que deu instrução para o remédio.Eu só precisava da ultra-sonografia para ir para a maternidade para fazer o que deveria ser feito. Enquanto tomava o remédio meu bebê morria dentro de mim. A moça da ultra-sonografia foi arrogante dizendo que não era necessário me colocar na frente porque eu conseguiria muito bem esperar. Fui atendida ás 5 horas da tarde, sendo que meu exame estava marcado para as duas horas, só para confirmar que meu bebê estava morto.
Por que não me atenderam na hora que eu cheguei? Ao constatar que meu bebê estava morto me mandaram para o hospital, tarde demais. Onde está o erro disso? Me disseram que o meu bebê estava morto a mais dias, mas como se eu o sentia dentro de mim? E mesmo assim como o Dr. Celso não viu isso? Procurei outros órgãos de imprensa e nada fizeram aí me disseram para procurar o Jornal das Montanhas e graças a Deus vocês estão me ouvindo e me atendendo muito bem.
Jornal das Montanhas Qual o motivo que a leva tornar esse caso público?
Cristina O motivo maior é por outras vidas, porque eu não quero que nenhuma mãe passe o que eu estou passando, porque é triste sair de dentro de um hospital sem carregar o filho nos braços, olhar para as mamas e vê que elas estão cheias de leite, e não ter o filho da gente, meu filho estava para nascer dia
3 de Agosto, que resposta tem disso? Será que até dia três de agosto se eles tivessem corrido atrás para fazer meu ultra- som o meu bebê ainda estaria morto dentro de mim? Quantas mulheres dependem desse SUS, eu sei que muitas mães já passaram por esta dor e ficaram caladas, mas não podemos se calar temos que unir forças e combater a isso, eu sei que não vai trazer nossos filhos de volta mais evitar que outras pessoas passem por isso, não quero ter a consciência pesada de amanhã chegar alguém perto de mim dizendo: Cristina aconteceu o mesmo com outras pessoas, temos que parar com isso agora, há três meses atrás uma colega virou para mim e falou que eu tomasse cuidado, porque eu perdi minha filha por isso, por isso e por isso… Achei que não pudesse acontecer comigo, mas infelizmente aconteceu, eu não desejo que isso aconteça com outras pessoas.
Ligamos algumas vezes para o SUS, para publicar a versão deles, mas quer saber como eles fazem? Liga lá 3332-3310 nós ligamos e você deve saber ou já deve ter visto pessoas tirarem o telefone do gancho para ele parar de tocar, pois bem isso aconteceu conosco duas vezes no dia 1º de Agosto e por um longo período o telefone ficou ocupado voltamos a ligar e aconteceu o mesmo, as vezes o telefone não está ocupado é que funcionários mal treinados ou por motivo de muito trabalho fazem isso, voltamos a ligar no dia seguinte as 11 horas e 52 minutos sábado e fomos atendido pelo Abraão, mas não havia ninguém que poderia falar sobre o caso, ainda bem que não são todos que tira o telefone do gancho e coloca ao lado. Fica aqui a nossa franquia para na próxima edição publicar a versão do SUS, sabemos da complexibilidade de um atendimento médico.
Causa da morte: Sofrimento Fetal Crônico, Insuficiência Placentária, Hipertensão Arterial Materna.
Declarada por: Dr. Luiza Helena, Dr. Silva Assis, CRM 29272.
Sepultamento: Cemitério Municipal de Manhuaçu – MG.
Registro feito: 08 de Julho de 2008.
Foi declarante: Laert Viana da Silva.
Observações: Nada Mais.
O referido é verdade e dou fé. Manhuaçu – MG, 08 de Julho de 2008.

reportagem: Devair Guimarães

2 COMENTÁRIOS

  1. Queremos deixar aqui registrado os nossos parabéns a este orgão de imprensa Jonal das Montanhas que ouviu esta mãe que teve a coragem de expressar seu sentimento. E que este fato sirva de exemplo para que outras mães não volte para suas casas cem o seus filhos no seus braços.

  2. Que vergonha, o que dizer para uma mãe,onde esta a consciência destas pessoas que somente tem a missão de cuidar da vida humana? Prá vc Lindolfa meus parabéns, vc é guerreira, pois, mesmo na dor ainda-se preocupa com outras mães e vidas, é de exemplos como vc que o mundo precisa, procure a defensoria pública de sua cidade, leve o caso ao conhecimento do Ministério Público, fatos desta natureza não podem acontecer, uma gestante tem todo o direito do mundo de ter prioridade no atendimento, mas, infelizmente existem pessoas sem alma, sem caridade,sem amor em seus corações! Jesus abençõe a vc e Javé dê-lhe uma nova vida, dê-lhe outro filho tal como fez com Sara, que vc possa embalar em seus braços um filho, Jesus a abençõe! Deus a proteja!

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