Você ou alguém que conhece induz vômitos após ingerir alimentos para não engordar? Já ouviu falar em bulimia nervosa? Neste episódio, a psiquiatra Dra. Ana Clara Floresi nos dá mais detalhes sobre o assunto
Você ou alguém que conhece induz vômitos após ingerir alimentos para não engordar? Já ouviu falar em bulimia nervosa? Neste episódio, a psiquiatra Dra. Ana Clara Floresi nos dá mais detalhes sobre o assunto.
A bulimia nervosa é um transtorno alimentar mais comum do que se imagina, ela afeta cerca de 1 ou 2% das mulheres jovens. Esse transtorno se caracteriza-se por episódios recorrentes de compulsão alimentar, nos quais a pessoa consome grandes quantidades de comida em pouco tempo, seguidos por métodos compensatórios, tais como indução de vômitos, jejum prolongado, exercício físico excessivo e uso de medicamentos para perda de peso, com o objetivo de evitar o ganho de peso decorrente da alimentação descontrolada.
O que são os métodos compensatórios?
- A forma de compensação mais comum é a indução de vômitos após comer descontroladamente;
- Jejum por tempo prolongado, por exemplo passar o restante do dia sem comer;
- Atividade física em excesso, quando a pessoa emenda vários treinos, várias idas na academia por dia, com risco de se lesionar;
- Uso de laxantes e diuréticos quando não é necessário.
Para o diagnóstico preciso dessa doença os episódios de comer compulsivamente, os métodos compensatórios, devem ocorrer semanalmente por pelo menos um mês de acordo com a Classificação internacional de doenças (CID). E também estar associado se o paciente apresenta preocupação excessiva com o ganho de peso e mudanças na forma do corpo.
É importante destacar que a causa da bulimia envolve diversos fatores e que o tratamento deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar composta por psicólogos, psiquiatras e nutricionistas. Em alguns casos, pode ser necessária a prescrição de medicamentos para auxiliar no controle da alimentação.
Sintomas
Além das características apresentadas acimas, alguns sintomas também podem ser observados como:
- Baixa autoestima e vergonha do comportamento alimentar;
- Raiva de sentir fome, por interpretar que isso é falta de descontrole;
- Excesso na regulação do peso, se pesar antes e depois de comer;
- Insatisfação permanente com o peso e corpo;
- Problemas nos dentes. Devido à acidez presente nos vômitos, os dentes podem ser desgastados ou até perdidos precocemente.
- Calos nas mãos. Pessoas que provocam constantemente vômitos podem causar esses machucados nas mãos.
Nos casos mais graves, os pacientes podem evoluir com alterações de potássio, com risco de arritmia, crises convulsivas e até morte súbita.
Uma outra característica presente na bulimia é que ela frequentemente está associada a outros transtornos psiquiátricos, principalmente a quadros depressivos, transtornos de personalidade, dependentes de álcool e outras substâncias.
O que causa a bulimia?
A causa da bulimia é multifatorial, são fatores biológicos, psicológicos, socioculturais, genéticos e familiares que podem contribuir para o desenvolvimento desse transtorno. Existe uma grande pressão para alcançar o ideal estético extremamente magro propagado pela mídia, cultura e sociedade.
Como é feito o diagnóstico?
Na maioria das vezes, o diagnóstico é clínico baseado nas informações que o paciente relata para o profissional. Quando existe algo atípico e suspeito, para o diagnóstico diferencial podem ser solicitados exames complementares para investigação. Exames laboratoriais também são frequentemente solicitados para um melhor acompanhamento do caso.
E o tratamento?
O tratamento deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar que inclua profissionais da área de psiquiatria, psicologia e nutrição. Após a avaliação médica psiquiatra, o uso de medicação pode ser necessária para o tratamento da impulsividade característica desse transtorno.
A abordagem geralmente é feita no ambulatório do hospital, mas a depender do caso, a internação pode ser necessária. A demora para procurar ajuda de um profissional pode complicar a evolução do tratamento do paciente
Fonte: Brasil 61