Distúrbios Alimentares

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Os Disturbio Alimentares (F 50 – CID 10) são doenças de caráter    psicológico e sócio-cultural, que comprometem a vida e o destino de adolescentes e mulheres jovens.

São caracterizados por distúrbios de conduta alimentar, geralmente acompanhados de preocupação com a comida, com a imagemcorporal e relacionam-se freqüentemente com os transtornos depressivos.

Anorexia Nervosa e Bulimia são dois tipos de Distúrbios Alimentares. A anorexia nervosa é a recusa em manter um peso corpóreo mínimo normal. Bulimia é comer grandes quantidades de alimentos e depois forçar-se a vomitar ou usar laxantes e diuréticos para se livrar do excesso de comida ingerido (purgar). Esses dois tipos de distúrbios são formas de auto-abuso e a bulimia pode ser seguida de anorexia nervosa e vice-versa.
Quais são as causas dos Distúrbios Alimentares?
Não existe uma causa específica para esses Distúrbios Alimentares, porém muitos fatores contribuem para o seu desenvolvimento. Acredita-se no modelo multifatorial, com participação de componentes biológicos, genéticos, psicológicos, socioculturais e familiares:
a) Fatores genéticos: pesquisas indicam maior prevalência de distúrbios alimentares em algumas famílias, sugerindo uma agregação familiar com possibilidade de um fator genético associado.
b) Fatores biológicos: alterações nos neurotransmissores moduladores da fome e da saciedade como a noradrenalina, serotonina, colecistoquinina e diferentes neuropeptídeos têm sido postuladas como predisponentes para os distúrbios alimentares. Existem dúvidas se tais alterações acontecem primariamente ou são decorrentes do quadro.
c) Fatores socioculturais: a obsessão em ter um corpo magro e perfeito é reforçada no dia-a-dia da sociedade ocidental. A valorização de atrizes e modelos, geralmente abaixo do peso, em oposição ao preconceito sofrido pelos obesos, é um exemplo disso.
d) Fatores familiares: dificuldades de comunicação entre os membros da família, interações tempestuosas e conflitantes podem ser consideradas mantenedoras dos distúrbios alimentares.
e) Fatores psicológicos: algumas alterações características como baixa auto-estima, rigidez no comportamento, distorções cognitivas, necessidade de manter controle completo sobre sua vida, falta de confiança podem anteceder o desenvolvimento do quadro clínico.


Como tratar os Distúrbios Alimentares?

O tratamento para a anorexia nervosa e a bulimia inclui:
 Diagnóstico e cuidados médicos – quanto mais cedo melhor
Psicoterapia - individual, familiar e/ou de grupo
Medicamentos – antidepressivos são usados em alguns casos
Terapia nutricional
Participação de grupos de apoio
Hospitalização – se a perda de peso for suficiente para deixar a pessoa com peso 25% abaixo do limite inferior do peso saudável e/ou está afetando o funcionamento de órgãos vitais.

O tratamento varia em método e em duração de acordo com o caso e pode durar de meses a anos.
Entretanto, é de suma importância que qualquer abordagem psicoterapêutica propriamente dita, só é possível após o restabelecimento nutricional e fisiológico do paciente.

Como a Psicoterapia Psicodramática trata os Distúrbios Alimentares?

Os clientes com Distúrbios Alimentares geralmente apresentam grande resistência ao tratamento, especialmente aquele que não é dirigido ao sintoma. Eles tendem a negar quaisquer outros problemas, como: conflitos familiares, insegurança e baixa estima, dificuldades de relacionamento, falta de personalidade própria, conflitos com a própria sexualidade, etc.

Os sintomas funcionam como modo de exercício do poder. Uma série de características que estes clientes desenvolvem, como teimosia, ambição, resistência e racionalização constituem as armas com as quais tentam impedir que as causas dos sintomas sejam tratadas.

È fundamental a participação da família, visto que os sintomas exercem um papel de poder dentro da dinâmica familiar.

Uma família que se defronta com um membro afetado por um distúrbio alimentar se transforma no local propicio para a falta de comunicação, silêncios dolorosos, recriminações tardias, sentimentos de culpa e freqüentes promessas de mudanças. Por isso a família jamais deve ser culpada da doença. Mas sim reconhecer a responsabilidade de si mesma no problema. Este reconhecimento da família como parte e não causa da doença faz parte do processo de tratamento do paciente.
Na terapia familiar e/ou nos encontros realizados nos grupos de pais, as feridas da família, cicatrizam paralelamente as da pessoa afetada pelo distúrbio alimentar. A família também deve conhecer as crenças erradas que tem sobre os distúrbios alimentares, reconhecendo que estas mantêm dentro de si, profundas complicações biopsicosociais. Muitos pais têm dificuldade me entender que sua filha com anorexia, não deseja ser como uma modelo. Ela deseja emagrecer “até morrer”.

A família como núcleo básico da sociedade tem como responsabilidade realizar uma releitura critica da sociedade moderna. Isso pode ser muito difícil, quando a própria mãe apresenta uma identidade baseada em valores e padrões distorcidos de beleza. Logo isto fará com que apropria filha desta mulher cresça equivocada com relação a sua confiança e sentido de identidade.
A comunicação familiar é algo amplamente propagado como necessário. Porém, a maioria das famílias se comunica de maneira inadequada e/ou truncada. Impedindo que qualquer membro pertencente a ela expresse o que sentem internamente, como se a manifestação livre fosse algo incomodo. Neste tipo de família, aparentemente não existem brigas (externas), porque se premia a docilidade.

2 COMENTÁRIOS

  1. Achei a matéria muito interessante e bem atual, pois esse tipo de distúrbio, está sendo a principal causa da mortalidade de jovens em todo o país.

    Maressa

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