O Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg) oferece aos seus beneficiários, residentes na capital e no interior do estado, a realização do exame de emissões evocadas otoacústicas, popularmente conhecido como teste da orelhinha ou do ouvidinho, independente da maternidade em que a criança tenha nascido. A identificação precoce de falhas na audição aumenta a eficácia do tratamento e as chances do pequeno se reabilitar. Estima-se que, entre cada mil nascidos vivos no mundo, 1 a 2 sofrem de alterações auditivas.
“O exame não tem custo para o beneficiário porque é um teste coberto pelo plano de saúde. É um direito dele, um procedimento obrigatório como o exame de glicose e a consulta médica”, enfatiza o assessor chefe da Assessoria de Políticas e Regulação em Saúde do Ipsemg, Fernando Cesar Vicente de Paulo. “O mais importante é que o teste visa diagnosticar uma possível patologia, permitindo que intervenções aconteçam o mais breve possível”, acrescenta Fernando.
A recomendação é que o exame de triagem neonatal seja realizado nos primeiros dias de vida do recém-nascido, por médico otorrinolaringologista ou fonoaudiólogo. O procedimento é rápido, com duração média de 5 a 10 minutos, indolor e deve ser aplicado durante o sono natural da criança. Enquanto o bebê dorme, é colocado em sua orelhinha um fone de ouvido acoplado a uma sonda e conectado a um equipamento que registra as reações das células sensoriais auditivas, diante do som suave que é emitido pelo aparelho.
Caso seja detectada alguma falha auditiva, exames complementares de diagnóstico serão requisitados. “Se for apontada alguma alteração, vamos identificar as causas e iniciar o tratamento”, explica o otorrinolaringologista do Ipsemg, Rodrigo de Andrade Pereira. “É muito comum neonatais apresentarem problemas auditivos”, alerta o médico, já que a criança privada da audição pode ter comprometido o desenvolvimento da fala, da linguagem e da aprendizagem.
O teste da orelhinha deve ser agendado diretamente em uma clínica especializada em otorrinolaringologia ou fonoaudiologia, credenciada pelo Ipsemg – endereços estão disponíveis no catálogo de credenciados. Na data do exame, é necessário apresentar pedido médico, Cartão de Identificação do beneficiário e Certidão de Nascimento da criança.
Exame indispensável
De acordo com Rodrigo Pereira, o teste da orelhinha é imprescindível para a saúde do bebê, mesmo quando não é realizado nos primeiros dias de vida. “Ele pode ser feito a qualquer momento, no máximo até os seis meses, com o objetivo de identificar alguma alteração para que, então, se possa interferir imediatamente”, esclarece o médico.
A estudante Patrícia de Assis Almeida Silva, mãe de Alice de Assis Almeida Silva, de apenas um mês e 20 dias, agendou o exame do ouvidinho pela terceira vez para a próxima segunda-feira (19) em uma clínica credenciada pelo Ipsemg. “Ele só não foi realizado ainda porque a Alice não dormiu nas vezes anteriores”, explica Patrícia.
Desta vez, a mãe espera que tudo dê certo. “Como sei que é importante, vou insistir e não vou deixar de fazer. Liguei para a fonoaudióloga e ela disse que não tinha problema de marcar mesmo tendo passado 30 dias”, conta.
O parto da Alice foi realizado na Maternidade Israel Pinheiro, do Ipsemg, onde Patrícia foi encaminhada pela pediatra para realizar o exame. “A orientação para fazer o teste do ouvidinho é dado pelo pediatra que acompanha a criança. O ideal é que, na primeira consulta, o especialista já solicite o exame”, comenta Fernando Cesar.
Direito garantido
Decreto do governador Antonio Anastasia, de julho deste ano, torna obrigatório oferecer o exame de emissões evocadas otoacústicas na rede privada de saúde, feito por fonoaudiologia e otorrinolaringologistas. No caso de não dispor do teste, a instituição deve orientar a família sobre a importância do procedimento e encaminhá-la à unidade de saúde que possa realizá-lo.
Na rede pública de saúde, além de já ser obrigatório, o teste é gratuito. O Programa de Triagem Auditiva Neonatal (TAN), implantado em 2007 pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), oferece o serviço em Minas Gerais. A SES é pioneira na implantação do programa e, para desenvolvê-lo, credenciou maternidades que avaliam os recém-nascidos, como a Maternidade Odete Valadares, em Belo Horizonte, pertencente à rede da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig).
As maternidades que se dispõem a oferecer o procedimento podem utilizar recursos do Pro-Hosp, programa estadual voltado para o fortalecimento e melhoria dos hospitais, para a compra de equipamentos necessários para a realização do exame. Desde que a TAN entrou em funcionamento, em setembro de 2008, 138.651 crianças foram submetidas ao exame em Minas Gerais. Segundo dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc), o número de recém-nascidos que passaram pelo teste saltou de 5,78%, em 2009, para 20,39%, em 2012.
Agência Minas