O carnaval está aí regado a muita folia e à sensualidade natural dos brasileiros. Apesar do clima de alegria, é importante alertar sobre a ameaça de transmissão das Doenças Sexualmente Transmissíveis(DSTs), com destaque para a Aids, hoje vista como uma doença crônica que tem tratamento. Entretanto não tem cura e requer o uso de uma combinação de medicamentos para toda vida, o que traz limitações e sofrimento para o portador da doença. Mas prevenir a doença é perfeitamente possível e isso está ao alcance de todos, uma vez que as vias de transmissão são bem conhecidas. O alerta é da diretora do Hospital Eduardo de Menezes, da Rede Fhemig, a epidemiologista Maria Tereza da Costa Oliveira.
A principal via de transmissão do vírus da Aids, ressalta a especialista, é a relação sexual desprotegida. Portanto, antes da festa começar é sempre bom pensar em ter a camisinha à disposição, seja a masculina ou a feminina. Realizar o teste anti-HIV também é importante, não só para prevenir a transmissão para outras pessoas, mas também para dar a chance de tratar oportunamente a doença, o que é fundamental para o sucesso do tratamento.
Em 2007 foram registrados 2,7 milhões de casos novos de infecção pelo HIV no mundo e 2 milhões de óbitos relacionados à Aids, de acordo com o informe da Unaids – Programa Conjunto das Nações Unidas sobre o HIV-aids. A Unaids estimou existirem 33 milhões de pessoas vivendo com HIV-Aids no mundo em 2007.
Segundo o Boletim Epidemiológico DST/Aids da Secretária de Estado de Saúde –SES, foram registrados 28.717 casos da doença no Estado, desde o início da epidemia em 1982, até novembro de 2008. No que se refere à idade, 3,1% do total dos casos são crianças menores de 13 anos; 2,2% são adolescentes de 13 a 19 anos, 84,9% são adultos de 20 a 49 anos e 9,7% adultos com 50 anos ou mais.
Em todo o Brasil, durante o ano de 2008, o Governo Federal atingiu recorde histórico de distribuição de preservativos masculinos. O Programa Nacional de DST e Aids do Ministério da Saúde (MS) informou ter repassado 406 milhões de camisinhas para serem entregues à população em todos os estados e municípios brasileiros. O número é 3,3 vezes maior do que foi disponibilizado no ano passado (122 milhões). O maior quantitativo anual havia sido em 200, com 257 milhões. A expectativa para 2009 é de que esse número seja superado com a aquisição de mais 1,2 bilhões de camisinhas.
“A nossa orientação é que as pessoas usem a camisinha não só no carnaval, mas como uma ação cotidiana além de fazer o teste de HIV para começar o tratamento o quanto antes, evitando também outras transmissões”, pontua a médica. Ela ressalta que o vírus pode ficar incubado por até 10 anos, sem nenhum tipo de manifestação. Há ainda o chamado – “janela imunológica”- , período médio de seis meses logo após a infecção em que o vírus não é detectado por meio do teste.
Saiba mais sobre Aids
A Aids é uma síndrome que pode ser evitada com o uso freqüente e adequado de camisinhas em todas as relações sexuais e com práticas de redução de danos entre usuários de drogas ( como não compartilhar agulhas e seringas). Camisinhas são distribuídas gratuitamente por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
O diagnóstico precoce é muito importante para a realização de um tratamento que garanta a qualidade de vida da pessoa. Mães que vivem com HIV podem aumentar suas chances de terem filhos sem o vírus, se forem orientadas corretamente e seguirem o tratamento recomendado durante o pré-natal, parto e puerpério.
É importante ressaltar que entre homens e mulheres heterossexuais, independente da faixa etária, a epidemia está em crescimento. O predomínio da concentração dos casos notificados a partir de 1982 persiste na faixa etária de 30-39 anos. Os especialistas acreditam que para cada portador do vírus em tratamento, há nove com a doença e que ainda não sabem, motivo da ampliação dos exames para diagnosticar o vírus da Aids. Minas Gerais tem 15 cidades que são responsáveis por 64% dos casos da doença. Na capital, são 8.004 pessoas infectadas pelo vírus. Em Juiz de Fora, na Zona da Mata, são 2.045 casos.
Acima de 50 anos
Em Minas, o número de casos cresceu entre pessoas acima de 50 anos infectadas pelo HIV. De 2000 a 2007, o aumento foi de 61% de acordo com dados da SMSA divulgados durante a campanha do Dia Mundial de Luta Contra a Aids, realizado em 1º de dezembro do ano passado. A popularização dos medicamentos de combate à impotência sexual é apontado pelos especialistas como um dos motivos mais prováveis do crescimento dos casos de Aids em pessoas acima dos 50 anos, no Brasil.
Somente no ano passado, no Estado, o número de infectados pelo vírus HIV, com mais de 50 anos, aumentou em 61,05%, em relação ao ano de 2000. O Ministério da Saúde vai disponibilizar aos estados 3,3 milhões de kits para teste rápido de HIV. O objetivo é fazer com que os diagnósticos de infecção pelo vírus sejam mais precoces. A estimativa do governo é que 255 mil brasileiros estejam infectados atualmente e não saibam.
Mais de 20 anos após a sua descoberta, a Aids continua matando e o vírus HIV ainda contamina milhares de pessoas em todo o mundo. A doença não pode ser banalizada. É séria, traz complicações e danos irreversíveis, levando ainda o paciente à morte.