Pedro Cardoso da Costa especial para o Jornal das Montanhas.
“Cova funda e escura. Lugar de corrupção”. São definições do dicionário Aurélio, que define bem no que seria o Senado brasileiro hoje. A primeira seria a correta, a segunda, figurativa.
Há pouco tempo era seu presidente, Renan Calheiros, que não conseguia explicar o padrão de vida com o salário que recebia. Até que um gado de ouro deixou tudo às claras.
Em fevereiro, com um passado apenas de veterano na política, onde ocupou o cargo máximo por cinco anos e não resolveu problema nenhum, José Sarney foi eleito o mais novo-velho presidente da Casa.
Depois, foi a vez de Fernando Collor, de cujo passado nenhuma alma consegue esquecer, ser eleito presidente da Comissão de Infra-estrutura para zelar pelo gasto de bilhões de reais. Muita gente teve pesadelo com a imagem daquele seu tesoureiro tão límpido quanto a água do rio Tietê em São Paulo. Não deu para esquecer nem da aquisição de umas calcinhas pela ex-primeira-dama. E a imprensa deveria ter rediscutido tudo que envolveu o ex-presidente da República, único legalmente expulso na história brasileira, e um dos poucos no mundo.
Ainda tiveram as denuncias do senador Jarbas Vasconcelos. E o coroamento veio com o pagamento de mais de seis milhões em horas extras para servidores no período de férias. Essa medida que corroborou com uma posição de Diogo Mainardi que dizia do prejuízo que traz ao Brasil quando os congressistas trabalham.
Como sempre nessas ocasiões, logo o responsável direto explicou que fora tudo pago na mais ampla legalidade. Sempre é assim. Ao Excelencentíssimo devem ser lembrados os Princípios Constitucionais básicos que norteiam a Administração Pública, principalmente o da moralidade. Outro café requentado nos meus comentários é que nenhum ato administrativo pode ser legal se for imoral. E estas horas extras são flagrantemente imorais. Isso tudo ocorre devido ao comodismo da nação, e por que já se aceita tudo como natural na política, devido à nação está vencida pelo cansaço e pela repetição de atos abomináveis como estes. Ninguém usa o telefone geral do Senado, 3303-4141, nem os e-mail dos senadores, nem o sitio www.Senado.gov.br. Muito menos aparece um protesto por uma organização sindical, conivente, em função do favorecimento aos servidores. Também nenhum renomado se manifesta. Ninguém ouve a mais nova versão de Deus em carne e osso, Pelé; nem Zico, Mãe Dinah, Xuxa, um bispo, um guru, ou seja lá quem for. Nenhum senador se manifestou contra. Nem Suplicy! A bandalheira foi geral. E a imprensa nem sequer fez mais aquela comparação de quantos carros populares seriam comprados, quantas casas próprias seriam construídas com essa montanha de dinheiro, ou, em notas de cem reais, quantas voltas daria ao mundo.
O Ministério Público federal tem o dever de mover ação, ao menos, para apurar improbidade administrativa, senão possíveis crimes.
A nação brasileira tem que exigir a devolução desse dinheiro e a extinção definitiva das práticas dissimuladas para comer dinheiro público. Nada explica o pagamento de tanta hora extra. Que se adapte o serviço ou se contratem servidores. Essa mamata, e outras dessa natureza, tem que acabar.
Plagiando Janio de Freitas, a fossa não para de transbordar, mas a limpeza nunca vem; ao contrário do que afirmou o fantástico colunista. E que lembrança involuntária daquele senhorzinho que sujou sua bengala em Zé Dirceu! Com ações como esta, a definição de lugar de corrupção torna-se inerente. Mas, no caso do Senado, tem o sentido que as pessoas comuns dão a lugar onde, além de corrupção, inspira desrespeito, vileza, prostituição, baixeza. É isto. O Senado está prostituto. Tornou-se um antro.
Pedro Cardoso da Costa – interlagos/SP
Bel. Direito