Reunião da União Africana na Etiópia discute impasses políticos no continente

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Começa hoje (29), em Adis Abeba, Etiópia, a 16ª Reunião de Cúpula da União Africana (UA). Valores Compartilhados é o tema oficial da conferência. Mas assuntos bem mais pesados devem ocupar grande parte da agenda dos participantes.

A Costa do Marfim terá muito espaço no encontro. No domingo, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, o secretário da UA, Jean Ping, e o presidente nigeriano, Goodluck Jonathan, irão se reunir para tratar do impasse político do país, que já dura dois meses. A Costa do Marfim não terá representantes na cúpula porque teve a inscrição suspensa depois que o presidente, Laurent Gbagbo, não aceitou os resultados da eleição presidencial chancelados pela Comissão Eleitoral e apelou à Justiça para manter-se no cargo.

Um representante do oposicionista Alassane Ouattara deve fazer uma apresentação durante o encontro dos chefes de estado, na sexta-feira (28).
Até agora, as negociações intermediadas por outros países e por órgãos multilaterais não deram resultado, mesmo com a ameaça do uso de força para remover Gbagbo do poder. Entretanto, nos últimos dias, países como Angola, Gana e Uganda divergiram da posição majoritária, de considerar Ouattara vencedor.

O Sudão, que passou este mês por uma consulta popular que pode culminar com a divisão do território, também será objeto de discussões na conferência. Os resultados do processo de consulta ainda não foram oficializados, mas observadores internacionais apontam para a vitória da independência do Sudão do Sul. Tanto o presidente do Sudão, Omar Al Bashir, quanto o líder sulista Salva Kir devem ir a Adis Abeba.

As situações de Costa do Marfim e Sudão são temas muito controversos. A Organização dos Estados Africanos, que antecedeu a UA, nasceu em 1963 com dois princípios que eram considerados básicos: países-membros não deveriam interferir em temas internos dos demais e as fronteiras nacionais herdadas do período colonial não seriam tocadas.

Outro assunto que deve surgir na pauta do encontro é o trabalho do Tribunal Penal Internacional. No mês passado, o parlamento do Quênia discutiu retirar o apoio do país ao órgão depois que seis quenianos (inclusive um ministro de Estado) foram indiciados como suspeitos de crimes étnicos depois das eleições de 2007. Há, também, países também não concordam com o pedido de prisão expedido contra o presidente sudanês Al Bashir, acusado de crimes de guerra e genocídio na região de Darfur, em 2003.

O Tribunal Penal Internacional, por sua vez, pediu aos embaixadores dos países da UA que demonstrem interesse em combater a impunidade no continente, apoiando o trabalho da corte internacional. A 16ª Reunião de Cúpula da União Africana termina na segunda-feira (31).

Agencia Brasil

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