Uma epidemia de dengue em Manhuaçu causaria grandes transtornos. “Tanto a Secretaria Municipal de Saúde como os vereadores estão preocupados para que não haja epidemia de dengue no município”, afirmou o vereador Fernando Lacerda.
Segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES), até o dia 17 de janeiro de 2014, foram confirmados mais de 350 mil casos de dengue em Minas Gerais. Em 2013 aconteceram 115 mortes por causa da doença. Um óbito foi confirmado em Manhuaçu.
O coordenador regional de epidemiologia Ernesto Grillo disse que Manhuaçu e Carangola são grandes portas de entrada para casos graves de dengue. Ele também lembrou que a Manhuaçu, Simonésia, Mutum, Espera Feliz e Ipanema receberam força-tarefa do Estado para reforçar o combate ao mosquito transmissor da doença no biênio passado, ou seja, em 2012/13.
Grillo afirmou que a SES, “em meados de dezembro, lançou campanha de guerra contra a dengue, mas cada cidade faz a tua (campanha), o município pactuou em documento junto ao SES uma estratégia de trabalho.”
EM MANHUAÇU
Na terça-feira (21), o secretário de Saúde José Rafael de Oliveira Filho se reuniu com vereadores na Câmara. Mas antes, na semana passada, o secretário já se mostrava apreensivo em relação ao combate da dengue. Na primeira sessão ordinária deste ano, Lacerda disse que o novo secretário estava alarmado com os índices indicadores da doença, que estavam acima dos 30%, se comparados com o período 2012/13 e que precisa urgentemente de ajuda para começar o combate.
De acordo com Lacerda, o secretário, que tomou posse dia 9 de janeiro, não sabia da existência de uma lei, aprovada em caráter de urgência no final de dezembro, para a contratação imediata de 60 servidores para o combate à dengue. Ainda de acordo com o vereador, o novo secretário ficou mais aflito, porque até aquele momento não se tinha notícia nenhuma de contratação de pessoas pela prefeitura.
Inclusive a falta de cumprimento da lei foi motivo de debate na Câmara, vereadores pediram para que o presidente da Casa fizesse um requerimento para que o Executivo explicasse porque não havia começado a contratação, se foram contratados, onde estão trabalhando e como.
Na manhã de quarta-feira
(22), o Jornal das Montanhas entrevistou o vereador Fernando, que ainda não tinha informação nenhuma sobre a contratação dos servidores para o combate à Dengue. A reportagem questionou sobre a possibilidade de uma cassação do prefeito, como foi levantada na sessão. O vereador explicou que era prematuro para falar em cassação, mas repetiu que tanto o prefeito como o secretário de Saúde poderiam ser responsabilizados por improbidade administrativa por omissão, haja vista que a lei autorizava a contratação e nada tinha sido feito.
“Se nos autorizamos à contratação em caráter emergencial um projeto do Executivo e aí acontece uma epidemia de dengue com uma lei aprovada há 30 dias e o prefeito não fez nada, aí que pode ser enquadrado em omissão, sabedor que é, ele quem mandou o projeto, vai alegar o quê? Se mandou o projeto para cá, é porque você tem recurso para con-tratar, porque o projeto é de autoria do prefeito, e porque não contratou”?
SEM ÉTICA
A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa do prefeito pedindo uma entrevista com Nailton Heringer. O assessor Senisi de Almeida Rocha disse para o jornalista comparecer na prefeitura prontamente. Mas a entrevista não aconteceu, uma vez que o assessor pediu para mandar as perguntas por escrito…
As perguntas foram encaminhadas na manhã de quinta (23). A Secretaria de Comunicação Social respondeu na sexta de manhã. À tarde, a mesma secretaria de comunicação fez uma postagem na página do Facebook da prefeitura com uma matéria fabricada com a mesma resposta de uma das perguntas exclusivas do Jornal das Montanhas.
A RESPOSTA
Agora o Jornal da Montanha e os vereadores (e quem acessou a página da prefeitura no Facebook) têm a resposta para lei que autoriza o prefeito a contratar 60 servidores e onde eles estão trabalhando.
“Vinte servidores estão contratados para a força tarefa de combate à Dengue. Foram criadas duas equipes, uma está atuando na cidade e outra no meio rural. Trabalhos intensos de limpeza e retirada de entulho e detritos foram realizados nos bairros na Matinha, São Vicente e Centro. O distrito de Vila Nova e até as margem da BR também foram limpos. Escolas também vêm recebendo a operação de limpeza.”
Na matéria fabricada, o secretário da Saúde, apesar de mostrar a mesma preocupação com os índices indicadores da doença, que estão acima de 30%, afirma que “quanto às metas e planos de execução das atividades de combate ao mosquito da dengue, essas estão devidamente encaminhadas a todos os órgãos competentes, que atuam em conjunto com esta Secretaria. Com isso espero atingir nossos objetivos, até porque a prefeitura não está poupando esforços nesse sentido”.
Ainda de acordo com o texto, a coordenadora do Serviço de Vigilância Ambiental, Emilce Estanislau Muniz, “garante que o quadro não é alarmante, porém, é bom que todos se atentem ao perigo”.
Chu Arroyo/ JM1