Petrobras tem prejuízo de 22 bi, corrupção levou 6, 2 bilhões
Estatal também fez reavaliação de ativos, de R$ 44 bilhões; balanços estavam atrasados depois da Operação Lava Jato, que levou auditores a exigirem lançamentos de perdas
Chegou o grande dia hoje não tem mais desculpas. Não há engarrafamento, dor de barriga ou pedras no meu do caminho que possa impedir a publicação do balanço da Petrobras nesta quarta-feira, dia 22 de abril. Com mais de 150 dias de atraso, as contas do terceiro trimestre de 2014 da maior estatal brasileira serão finalmente conhecidas.
A diretoria da Petrobras vai apresentar os números, os cálculos e conclusões aos executivos que representam a União, os acionistas preferenciais, os acionistas minoritários e os funcionários da companhia.
A maioria dos conselheiros já deve chegar bem informado sobre o tamanho do buraco causado pela corrupção na Petrobras desde 2004 porque eles tiveram acesso ao balanço com um dia de antecedência. Mesmo assim, isso não deve alterar a agenda do Dia do Balanço.
Quando a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) liberar o documento, jornalistas, analistas de empresas, investidores…vai todo mundo correr para encontrar a resposta a três perguntas que não querem calar:
1ª De quanto foi o buraco provocado pela corrupção? Resposta 6, 2 bilhões
2ª De onde foi tirado o dinheiro das propinas pagas pelos antigos diretores da Petrobras???
3ª Quais as ressalvas que foram feitas pelos auditores externos para aprovarem o balanço?
RESPOSTA – O presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, afirmou que o balanço da estatal foi aprovado sem ressalvas pelos auditores independentes.
4ª – Outra grande dúvida é: se o rombo foi de 6, 2 bilhões, quanto deverá retornar para o caixa da Petrobras?
Resta saber se a Diretoria vai conseguir convencer sobre esses três pontos – a metodologia do cálculo, a conta do roubo, os ativos envolvidos, as dúvidas que ainda precisam de resposta –
PETROBRAS
Segundo Bendine, “tão logo sejam liberados [os valores recuperados pela Operação Lava Jato] serão repassados para a Petrobras”. De acordo com ele, isso está previsto “pode ser agora para esse mês de maio”. “ Já conforme anunciado, todo esse valor resgatado será da companhia. Afinal, a companhia foi vítima de uma situação”.
Dos R$ 6,2 em perdas com corrupção, a maior parte (55%) ocorreu na área de abastecimento – que foi comandada por Paulo Roberto Costa, com baixa de R$ 3,326 bilhões. Gás e Energia respondeu por R$ 637 milhões das perdas. As áreas de Distribuição e Internacional tiveram baixas de R$ 23 milhões cada uma, ao passo que o Corporativo da companhia teve perda de R$ 99 milhões.
AS RESPOSTAS
“Quando quis dizer que esse momento é uma página virada, está suspenso. Lógico que a gente entende que temos desafio enorme em relação a melhores resultados na companhia, (…)mas hoje acho que a companhia se coloca num outro patamar”, afirmou Bendine.
O gerente explicou que o fluxo de caixa de 2015 tem saldo inicial de US$ 26 bilhões, enquanto a geração operacional detém US$ 23 milhões, juros e amortizações -18 bilhões e -29 milhões em investimento. Para desinvestimento estão previstos 3 bilhões de dólares. “Necessidade de captação de 13 bilhões de dólares para que encerremos o ano com saldo final de 20 bilhões”.
Tudo agora depende destas três respostas para a estatal começar a respirar, das resposta virá o ânimo com o futuro da estatal. O rombo aconteceu, o estrago foi feito e a Petrobras precisa urgentemente voltar a operar como uma petrolífera gigante que é. A gestão de fornecedores e parceiros da empresa está comprometida. O endividamento é altíssimo, mais de R$ 300 bilhões. A necessidade de caixa é grande para cumprir com um plano mínimo de investimentos.
E o Brasil? O Brasil segue na árdua tarefa de arrumar a casa. Lá dos Estados Unidos, onde passou a semana, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, contou que o humor do mercado com o país já melhorou, apesar de não saber se o pior já passou. Talvez a fase da chegada, do anúncio das medidas amargas já tenha deixado o pior para trás. Certamente o pior ainda não passou para a inflação, para a alta nos juros, para o PIB negativo e muito menos para a Petrobras.