Após conseguir uma margem de votos a favor do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, uma das preocupações da base do presidente interino Michel Temer é conquistar um voto em especial, o do presidente do Senado,Renan Calheiros (PMDB-AL). A aliados, o peemedebista já admite que pretende votar pela saída definitiva da petista. Para esse grupo, o voto do peemedebista é “simbólico” e representa o apoio definitivo da liderança ao governo Temer.
— Acredito que cada vez mais senadores estão conscientes de que houve crime de responsabilidade. Não estou contando votos, mas o Renan, por exemplo, ainda não disse o voto dele — afirmou o senador Romero Jucá (PMDB-RR), um dos principais articuladores do governo Temer no Congresso e ex-ministro afastado nos primeiros dias da gestão interina após a divulgação de gravações nas quais estaria agindo para reduzir a Operação Lava-Jato.
Os peemedebistas têm pressionado pelo voto do presidente do Senado. Jucá tem reafirmado que aqueles que não votam no processo de afastamento de Dilma estão com ela. Para colegas de partido, além de uma sinalização de apoio ao governo interino, o voto de Renan favorável ao impeachment também demonstraria a união e o fortalecimento do PMDB, já que o presidente do Senado e Temer têm divergências históricas.
Apesar de ajudar a encaminhar matérias de interesse do Palácio do Planalto no Congresso, o presidente do Senado ainda não garantiu que vai participar da votação final, marcada para começar na quinta-feira. Questionado na sexta-feira após se reunir com Dilma, no Palácio da Alvorada, Renan desconversou:
— Tenho conduzido o processo com isenção, responsabilidade e equilíbrio, e isso me impede de declarar o que vou fazer.
No entanto, o senador confidenciou a interlocutores que pretende votar contra Dilma. Na última etapa no Senado — na qual a presidente afastada se tornou ré —, foram 59 votos pelo impeachment e 21 contra. Em maio, quando foi afastada do cargo, o placar ficou em 55 a 22.
Por ter presidido a primeira sessão, que confirmou o afastamento temporário de Dilma em maio, Renan não precisou votar. A segunda, que confirmou o prosseguimento do processo, foi comandada pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Ricardo Lewandowski, e o presidente do Senado também não votou. Para a última votação, ele não afirmou que não vai votar, como fez anteriormente.
O peemedebista tem trabalhado e atuado como porta-voz de matérias do governo Temer no Senado. Na semana passada, evitou uma derrota para a equipe econômica, ao encerrar a sessão que votaria a Desvinculação de Receitas da União (DRU). Sem quórum para aprovar a matéria, o governo acabaria derrotado em um de seus projetos prioritários. O senador também viajou com Temer para o Rio na quinta-feira e esteve em reunião do governo em São Paulo no dia seguinte.