O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje (23), em São Paulo, que o Brasil não vai aceitar receber contêineres com lixo e que eles serão devolvidos para o seu país de origem, a Inglaterra.
“Só temos uma saída que é devolver os contêineres para o país de onde eles vieram porque nós queremos importar outras coisas, não lixo. Não queremos exportar o nosso lixo e não vamos importar o lixo dos outros”, disse o presidente, durante discurso na cerimônia de abertura da Bio Brazil Fair – Feira Internacional de Produtos Orgânicos e Agroecologia -, que está sendo realizada no Parque Ibirapuera.
Lula também criticou o fato de o lixo ter sido enviado ao Brasil por países europeus, que têm colocado muitas exigências para comprar produtos brasileiros como etanol, soja e carne.
“Eles, que são tão limpos e querem despoluir tanto, mandam para cá contêineres de lixo dizendo que é para reciclagem. Quem vai reciclar uma camisinha? Quem vai reciclar lixo hospitalar, pegar uma seringa, reciclar e aplicar de novo?”
Segundo Lula, o Ministério Público, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Ministério do Meio Ambiente e a Polícia Federal deverão investigar a origem desse lixo que chegou ao Brasil e as razões pelas quais ele foi mandado para o país.
Durante o evento, o presidente lembrou que vários países europeus afirmaram que o etanol brasileiro não tem muito valor devido à exploração de mão de obra escrava nas lavouras de cana-de-açúcar. Mas, segundo Lula, eles não se lembram de que o trabalho em carvoarias é ainda mais penoso.
“Esses países que agora estão achando que esse trabalho na cana é penoso – e certamente é – esqueceram que a base da economia deles foi o desenvolvimento e a exploração do carvão. Trabalhar numa mina de carvão é infinitamente mais penoso do que trabalhar cortando cana”, disse o presidente, ressaltando que o governo brasileiro tem fechado acordos com os usineiros para tentar humanizar o trabalho no campo.
Lula assinou hoje um decreto que estabelece procedimentos diferenciados para o registro de insumos que contenham apenas substâncias permitidas para o manejo e controle de pragas e de doenças na agricultura orgânica. Segundo o presidente, a medida está quebrando o elo “de uma corrente que aprisionava os produtos orgânicos desse país”.
“Comprem produtos orgânicos que são melhores para a saúde”, destacou o presidente, que participou da feira acompanhado do governador de São Paulo, José Serra, do prefeito da capital paulista, Gilberto Kassab, e do ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes.
Fonte: Agência Brasil