Líderes mundiais reagiram com desconfiança à decisão do presidente do Egito, Hosni Mubarak, de permanecer no poder até o fim deste ano e transferir apenas parte de suas atribuições ao vice-presidente, Omar Suleiman. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse hoje (11) que a iniciativa marca uma “transição da autoridade” e que “não é clara se é imediata, significativa ou suficiente”.
“Muitos egípcios se mostram pouco convencidos de que o governo seja sério sobre uma genuína transição para a democracia e da sua responsabilidade de falar claramente ao povo e ao mundo”, afirmou Obama em um comunicado. “[O governo do Egito] deve avançar por um caminho inequívoco, credível e concreto até à democracia genuína e, até o momento, não aproveitou essa oportunidade”, acrescentou.
Obama defendeu também que a transição “deve mostrar imediatamente um caminho político irreversível” por meio de um “caminho negociado até à democracia”, que inclua a oposição e a sociedade civil. Segundo ele, o “estado de emergência no Egito deve ser levantado”. O comunicado da Casa Branca foi emitido depois do pronunciamento de Mubarak anunciando sua permanência.
O presidente da França, Nicolas Sarkozy, afirmou que há um temor sobre o futuro do Egito. “Que uma ditadura não seja substituída por outra, a ditadura religiosa. O que desejo, de todo o coração, é que o país tenha tempo de se dotar de mecanismos de representação, de estruturas e de princípios e que tome o verdadeiro caminho da democracia e não de um novo tipo de ditadura, a ditadura religiosa”, afirmou.
Para a chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Catherine Ashton, o momento no Egito é para a mudança imediata. “O presidente Mubarak ainda não abriu a via para reformas mais rápidas e mais profundas”, disse ela, que tinha viagem programada para a próxima semana ao país, mas foi recomendada pelas autoridades egípcias a cancelar a visita.
“Vou permanecer em contato com as autoridades egípcias para falar da necessidade de uma transição democrática ordenada, sensata e durável”, disse Ashton. “O momento da mudança é agora. Vamos dar uma atenção particular à resposta do povo egípcio nas próximas horas e nos próximos dias”, completou.
Agência Brasil