Júri da morte de PC Farias entra no 2º dia com depoimento de testemunhas

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Segundo dia de julgamento deve ter início às 8h no Fórum de Maceió. Quatro seguranças são réus por duplo homicídio triplamente qualificado.
Segundo dia de julgamento deve ter início às 8h no Fórum de Maceió.
Quatro seguranças são réus por duplo homicídio triplamente qualificado.

O júri popular de quatro policiais pela morte de Paulo César Farias, PC Farias, e da namorada, Suzana Marcolino, em crime ocorrido em 1996, entra no segundo dia nesta terça-feira (7) com o depoimento de testemunhas.

A primeira a ser ouvida deve ser Milane Valente de Melo, que era namorada do irmão de PC Farias, Augusto, à época do crime. O irmão do empresário também deve ser ouvido nesta terça.

Presidido pelo juiz Maurício Breda, o julgamento  começou nesta segunda no Tribunal do Júri do Fórum de Maceió. A previsão é que a sentença saia na quinta-feira.

Enfrentam o banco dos réus os seguranças de PC Farias: Adeildo Costa dos Santos, Reinaldo Correia de Lima Filho, Josemar Faustino dos Santos e José Geraldo da Silva. Eles respondem em liberdade.

1º dia

Jurados são escolhidos
Cinco homens e duas mulheres foram os escolhidos para compor o Conselho de Sentença do júri popular. Os jurados ficarão incomunicáveis até o final do julgamento.

Todos os acusados compareceram à sessão, três deles fardados – exceto José Geraldo da Silva, que é reformado. Os réus acompanharam os depoimentos em silêncio e, no intervalo, pediram que seus parentes não concedessem entrevistas.

Depoimentos
Ao todo, foram ouvidas duas testemunhas, de mais de 20 que deverão prestar seus depoimentos. O primeiro foi funcionário na casa de praia onde PC e a namorada foram encontrados mortos.

Leonino Tenório de Carvalho, que hoje é jardineiro no mesmo local, afirmou aos jurados que não permaneceu na casa no dia do crime durante a noite e que somente viu os corpos pela manhã, mas que, quando chegou ao local, dois dos policiais acusados já estavam lá.

A testemunha disse que ele, o garçom e os seguranças arrombaram a janela do quarto onde o casal estava e que chegaram a mexer no corpo de PC, mas não no de Suzana. Ele afirmou ainda que, dias depois do crime, o colchão foi queimado porque já estava exalando odor.

Em seguida, o garçom Genival da Silva França falou por três horas. Ele afirmou não ter ouvido os disparos, mesmo tendo dormido na casa do caseiro. Ele serviu o jantar a PC Farias, o irmão Augusto Farias com a namorada ‘Milene’, e Suzana Marcolino. O funcionário disse também que presenciou mais de uma briga entre PC e Suzana.

O juiz Maurício Breda questionou o garçom sobre se os irmãos de PC Farias estariam interessados apenas no dinheiro do empresário. Ele respondeu que não percebia esse comportamento, assim como não ouviu nenhuma discussão entre PC e Suzana na noite do crime.

As testemunhas responderam a perguntas feitas pelo juiz, pelo promotor e pela defesa. Os jurados também fizeram perguntas, de maneira um pouco diferente do que ocorre em sessões do júri, falando ao juiz pelo microfone. Normalmente, o jurado escreve a pergunta, que é lida pelo juiz.

Expectativas
Antes do início da sessão, a mulher de Josemar disse que está confiante na sua absolvição. “Eles são pessoas de bem e com ficha exemplar na Polícia Militar. Todos esses anos têm sido um sofrimento para a família, mas conseguimos superar através da fé. Nesta semana nosso sofrimento irá acabar, tenho certeza que eles serão inocentados”, afirmou ao G1.

Para o promotor, do caso, há provas suficientes para a condenação, apesar de não haver mandante. “É muito difícil apontar o mandante, porque só foi focado nos autores. Mas eles sabem quem mandou matar e irão responder por isso. Pela altura de Suzana, não resta dúvidas que ela não matou PC Farias, porque ela é mais baixa que ele”, afirmou ao G1.

Segundo o promotor, no entanto, os militares sabiam que PC e a namorada seriam mortos. “Eles estavam na posição de segurança e estavam ali para zelar por ele. Mas não fizeram”, afirma.

Já o advogado José Fragoso Cavalcanti afirmou que está confiante na absolvição dos militares. “O trunfo da defesa é o processo. O processo grita o nome de Suzana Marcolino. Não há dúvidas que Suzana matou PC Farias e depois cometeu suicídio. A tese de duplo homicídio”, disse.

Fragoso afirmou que os depoimentos do irmão de PC, Augusto Farias, e da filha dele, irão mostrar que Suzana e PC sempre discutiam. “Eles irão dizer o que realmente acontecia. Eles sabiam do romance e presenciaram várias brigas. O Augusto foi a primeira pessoa que esteve na casa após as mortes. Ele vai contar o que viu”, reforça.

Entenda o caso
PC Farias foi tesoureiro de campanha do ex-presidente Fernando Collor de Mello em 1989 e, à época do assassinato, respondia em liberdade condicional a diversos processos, entre eles sonegação fiscal, falsidade ideológica e enriquecimento ilícito. Ele foi encontrado morto ao lado da namorada na casa de praia de sua propriedade.

G1

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