Segundo filho de Eduardo Campos e o mais velho dos homens, João Campos, de 20 anos, se dividiu com os irmãos Maria Eduarda, de 22, e Pedro, de 18, na campanha de rua dos candidatos da Frente Popular de Pernambuco na reta final da campanha. João foi o que mais rodou pelo Estado e é apontado como o filho que tem mais forte o DNA político.
Seu nome foi cogitado como candidato a deputado federal neste ano, mas ele declinou, aconselhado pela mãe, Renata Campos, a priorizar os estudos neste momento. João cursa o terceiro ano de Engenharia Civil, na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e tenta harmonizar estudo e campanha: nos finais de semana viajou para o agreste e sertão – mais distantes – e nos dias de semana atuou à noite em municípios da região metropolitana e zona da mata.
Vai seguir os passos do pai e do avô, ingressando na política?
Na minha família, eu meus irmãos, minha mãe, nós vimos nosso pai dedicar a vida dele a duas coisas: à família e à política, ao povo. Nós sempre participamos, acompanhando nosso pai em todos os atos, eventos políticos de governo e sempre gostamos muito. Mas nunca tínhamos participado da linha de frente. Sempre estávamos presentes nos palanques, escutando e conversando dentro de casa. É natural neste momento que não só eu, mas meu irmão e minha irmã participemos com muito prazer, não por obrigação nem pensando em ter um viés político lá na frente.
Como recebe a crítica de que a campanha de Paulo Câmara, candidato ao governo de Pernambuco pelo PSB, tem usado à exaustão a figura de Eduardo Campos?
É um desejo nosso, da minha família e sempre que a Frente Popular de Pernambuco e companheiros precisarem, vamos ajudar. É algo muito natural. Se meu pai estivesse vivo estaria trabalhando mais de 24 horas por dia, com ao povo, lutando para conquistar a Presidência, o governo de Pernambuco. A gente está apenas fazendo o que meu pai faria e o que ele gostaria que a gente fizesse.
Sente o peso da responsabilidade como representante do legado do seu pai?
Não, porque a responsabilidade não é só minha. Em Pernambuco temos a Frente Popular, formada por 21 partidos, grandes figuras, grandes quadros, esse legado não é só meu e da minha família. É um legado que cabe ao povo de Pernambuco e ao povo brasileiro. Eu poderia ser candidato nesta eleição porque tenho idade, poderia me organizar, andar pelo Estado, mas fiz opção de terminar minha universidade. É o que estou fazendo hoje, estou tendo aula. Daqui a dois anos estarei formado em Engenharia Civil. Minha prioridade hoje é minha formação acadêmica. Antes de querer ter qualquer pretensão política, tenho que ter uma formação, começar a traçar meu caminho para lá na frente pensar o que quero fazer para minha vida pública ou política. Minha prioridade hoje é o estudo.
Esperava contar com o assédio do eleitorado?
É uma coisa nova. Sempre acompanhei meu pai, tive oportunidade de rodar o Estado todo com ele e vários Estados do Brasil. Sempre me mantinha muito discreto, preferia ficar atrás do palanque, atrás dele, não andar junto para escutar os comentários ao redor, entender como era aquela situação vista por fora, como uma pessoa comum. Participei das campanhas em Pernambuco e fazia o serviço de qualquer militante, como colar adesivo, colar faixa e fazer panfletagem porta a porta. Depois da tragédia, na rua, em shopping, nas atividades políticas, aonde eu e meus irmãos vamos, somos reconhecidos e há um carinho muito grande. Vejo isso com muita alegria. Não é um reconhecimento a mim. Devo tudo isso ao meu pai.
Além da eleição de Paulo Câmara, o que você mais deseja?
Meu pai se foi, mas Marina vai subir a rampa com a bandeira do Nordeste e o legado de Eduardo Campos. Eles se juntaram para unir o Brasil.
Agência Estado.