Eleitores viajam para votar em busca da “escolha certa”

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03092010-03092010ef18664A servidora pública Nara Alves Leal, que mora em São Raimundo Nonato, interior do Piauí, viajará cerca de 700 quilômetros (km) para votar. Ela precisa ir até a capital, Teresina, onde pretende ser uma das primeiras eleitoras de sua seção eleitoral, já que espera poder viajar, ao longo do dia, até Floriano (PI) com sua mãe, para que ela também escolha seus candidatos. Nara se diz empolgada com essas eleições e participará, segundo ela, para “mudar esse panorama político que não é do meu agrado”, com a “corrupção se sobressaindo mais do que em outros momentos”.

Apesar de acreditar que o voto, na prática, acaba não sendo obrigatório, pelas facilidades de se justificá-lo ou das pequenas multas que se paga, a piauiense defende que todos devem participar para poder exigir depois. Referindo-se aos votos de protesto e às pessoas que preferem não votar, ela prevê que a indignação do eleitor, que se expressa na omissão eleitoral, acaba sobrando para ele próprio.

“As pessoas têm que ter consciência. Se não quer votar, vote no menos pior. A população se abstém como se a escolha não fosse problema dela. Há uma falta de interesse, de entender que a sua participação pode influenciar positivamente no cenário político e social. E, se você tiver vocação, por que não se filiar a um partido?”, sugere Nara Leal.

Márcio Pavanelli concorda com a obrigatoriedade do voto. Neste domingo, porém, ele justificará o voto pela terceira vez. Márcio mora em Cuiabá mas ainda não mudou o domicílio eleitoral da cidade onde nasceu, em Três Lagoas (MS). “É ruim porque você não participa, não coloca sua opinião ali. Você vai ter que passar em branco, né?”, destaca o consultor de vendas, que promete transferir o título antes das próximas eleições.

Para Márcio, a responsabilidade do voto passa pelo posterior monitoramento das ações dos representantes eleitos. “Acho que o voto tem que ser participativo e obrigatório. Assim, a gente se torna mais obrigado a cobrar, acompanhar e auditar aquilo que está ali no dia a dia”. Esse papel de “fiscal” dos cidadãos também é defendido pela professora Benta Ferreira. “Você não pode abrir mão de, ao eleger determinada pessoa, seja para que cargo for, continuar monitorando, até para saber se a atuação dele condiz com o que ele prometeu durante o período eleitoral”, defende.

Benta não concorda, porém, com a obrigatoriedade do voto. “Penso que, se [o voto] fosse livre, certamente contribuiria para que as pessoas tivessem um processo de amadurecimento, de comprometimento e de consciência mais acentuado”, acrescenta.

“Se um dia a gente tiver maturidade, eu acho que não precisaria ser obrigatório, aí as pessoas se envolveriam naturalmente. Acho que hoje as pessoas não têm essa consciência”. Esta é a opinião de Alberto Toshio, que mora e trabalha em Brasília, mas se programou para viajar a São Paulo para que pudesse votar nas eleições. “Acho que tem que participar, todo mundo tem, estou indo [para isso], nunca deixei de votar e não vai ser agora”, confessa o analista de sistemas.

Na primeira vez em que os brasileiros vão às urnas após as manifestações que levaram milhares de pessoas às ruas, em 2013, a professora Benta acredita que os movimentos de junho do ano passado dão impacto de alguma forma nos eleitores de hoje. Ela acredita que os protestos “certamente contribuem para que as pessoas repensem o que querem para o país”.

Márcio Pavanelli, que discorda dos rumos que tomaram as manifestações, acredita que após os protestos as pessoas votarão contrariamente às influências políticas do momento. “Agora é a hora de colocar quem você acha que está correto. Se você não gostou, quer mudar, vá na urna e troque pelo [candidato] que acha que é melhor, não precisa fazer manifestação”, opina.

Agência Brasil.

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