A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, afirmou nesta segunda-feira (11), em Aparecida, no interior de São Paulo, que tem “formação religiosa forte” e rebateu uma crítica, feita por um jornalista, de que estaria usando a religião com palanque eleitoral. “Eu acho que ninguém tem o direito de dizer qual é a minha crença, quem pode falar sobre crença religiosa é Deus”, afirmou.
“Eu fui por opção para um colégio de freiras, eu queria fazer primeira comunhão (…) tive formação religiosa forte. O caminho que sua vida toma, você faz atalhos, desvios. Eu tive um processo ruim que me fez refletir. Essas questões dizem respeito a mim. Acho que isso (questionarem sua religiosidade) é o cúmulo, mas o cúmulo do preconceito”, completou. Dilma falou com a imprensa após participar de uma missa no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, na cidade de Aparecida.
Dilma voltou a aparecer com a bota ortopédica, segundo ela, por causa da intensa atividade dos últimos dias. “Ontem, eu cheguei em casa e meu pé estava, eu diria, robusto. Fiz fisioterapia com gelo. O [Antonio] Palocci [coordenador da campanha], e ele ainda é médico, olhou e disse: Bota a bota”.
A candidata disse ter sido a primeira vez que visitou o santuário, mas afirmou ter “devoção especial por Nossa Senhora por circunstâncias especiais”. Ela disse que não queria falar sobre o assunto por ser uma questão pessoal. “Acho que minha religião diz respeito a imagem de Deus dentro de mim”. Questionada se era por causa do câncer que enfrentou, ela não respondeu.
Dilma voltou a dizer que é vítima de boatos sobre sua posição a respeito do aborto. “As pessoas que falam não aparecem (…) não atribuo a ninguém. Não acho que pode ser algo que deve ser tratado como questão religiosa, tem alto conteúdo eleitoral”.
Sobre o debate realizado pela TV Bandeirantes neste domingo (10), ela negou ter sido agressiva. “Quando tem dois candidatos, as opiniões ficam mais claras (…) que qualificação é essa de agressividade quando se é assertivo a respeito das próprias convicções. Quando não se é, vocês [jornalistas] dizem que o debate foi morno”.
Ela ainda comparou o adversário, o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, com a atuação dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã. “A minha geração lembra muito da Guerra do Vietnã, porque havia subestimação total por parte da maior potência, os Estados Unidos, e meu adversário, não sei porque, tem mania de subestimar as pessoas, de se sentir superior a elas. Então, eles [adversários] estavam esperando que eu não apresentasse as minhas posições (…) mas o debate é para isso”.
Dilma chegou ao santuário pouco antes das 9h, acompanhada pelo deputado federal eleito, Gabriel Chalita (PSB), o segundo mais votado em São Paulo, ligado à Igreja Católica, e por Gilberto Carvalho, chefe de gabinete da presidência.
A candidata cumprimentou fiéis e sentou-se na primeira fileira. A missa foi celebrada pelo padre Rogério Gomes, que veio de Roma para a festa da padroeira, Nossa Senhora Aparecida, que será realizada na terça-feira (12).
O padre anunciou a presença de Dilma durante a missa, que tinha um público de 14 mil pessoas, segundo a assessoria de imprensa do santuário. O padre disse que ela “deu uma pausa na campanha para rezar”. “Rezar é importante, rezar é necessário, rezar sempre resolve”, completou o Padre Rogério Gomes.
Durante a missa, Dilma rezou, cantou, mas não comungou (ato no qual os católicos acreditam receber o corpo de Cristo). No entendimento dos católicos, não deve comungar quem não vai frequentemente à missa. A celebração durou uma hora e Dilma concedeu, em seguida, entrevista à Rede Aparecida, da Igreja Católica.