Direto de Brasília
O assessor para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, disse nesta terça-feira considerar uma “postura equivocada” a decisão dos Estados Unidos de apoiar as eleições presidenciais em Honduras.
O país caribenho, que vive uma situação interna de turbulências desde a deposição do presidente Manuel Zelaya, em junho, tem suas eleições presidenciais agendadas para este domingo.
“A posição do Brasil é a posição da grande maioria dos países sul-americanos. É a posição que a OEA (Organização dos Estados Americanos) adotou, é a posição que a Unasul (União das Nações Sul-Americanas) adotou”, afirmou o assessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Nós achamos lamentável que se queira limpar um golpe de Estado com um processo de eleição que se realiza num país que viveu virtualmente sob estado de sítio, com repressões diárias a manifestações e em determinados momentos com estado de sítio declarado. Achamos que isso não é bom, inclusive do ponto de vista do diálogo dos Estados Unidos com a América Latina.”
Em sua avaliação, o “clima favorável” criado a partir da eleição do presidente Barack Obama em janeiro “começa a se desfazer um pouco”, principalmente em relação a iniciativas como essa de apoiar o pleito hondurenho.
“Achamos que é uma postura equivocada (a dos EUA apoiarem a eleição). Os Estados Unidos (que) poderiam ter que usar no devido momento pressões mais fortes, que as utilizem em outras circunstâncias, para que os golpistas e o Micheletti (Roberto Micheletti, presidente interino) em particular fossem para o fundo do cenário”, disse.
“Por que reconhecer um governo golpista, um governo que utilizou de instrumentos extremamente ilegais, violentos, rompeu o equilíbrio que havia naquele país? Honduras arrisca viver um período de alta instabilidade”, afirmou o assessor da Presidência. “Nós não queremos assumir de maneira nenhuma a responsabilidade dessa situação.”
“A eleição não vai transcorrer num clima tranquilo porque haverá uma parte importante da população que não vai participar da eleição, e essa eleição sofreu a interrupção de alguns meses de um regime de exceção. Ela não resolve o problema e vai agravar problemas”, resumiu.