A Caixa Econômica Federal afirma, em nota enviada no início da tarde desta quinta-feira, 9, que faz parte de sua política de crédito não conceder verbas às empresas cadastradas pelo Ministério do Trabalho e do Emprego como aproveitadoras de mão de obra escrava. Segundo a instituição, a contratação dos funcionários de obras financiadas pelo banco é de responsabilidade da construtora. A empresa afirma que ainda não foi notificada pelo Ministério do Trabalho sobre a situação dos operários em Fernandópolis.
Na última sexta-feira, 4, 90 operários de uma obra do projeto financiado pelo Governo Federal em parceria com a Caixa Econômica Federal ‘Minha Casa, Minha Vida’ foram encontrados em condições de trabalho escravo, em Fernandópolis, interior de São Paulo.
Segundo o Ministério Público do Trabalho, a lista da Caixa Econômica com as empresas que usam mão de obra análaga à escravidão é atualizada semestralmente conforme a solicitação dos fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego. O pedido é enviado para Brasília e, assim que a empresa é notificada, fica impedida de conseguir benefícios do banco, dos demais fundos financeiros estatais e de alguns bancos privados.
A construtora responsável pela execução do projeto ‘Minha Casa, Minha Vida’ em Fernandópolis é a Construtora GECCOM, de acordo com a Caixa Econômica Federal. O estadão.com.br entrou em contato com a assessoria de imprensa da GECCOM, mas não localizou uma pessoa que pudesse se pronunciar sobre o caso.
Depois da libertação dos trabalhadores em Fernandópolis, um inquérito foi instaurado para investigar o caso. Até que todas as irregularidades sejam solucionadas, a obra fica embargada.
O caso foi descoberto depois de uma denúncia feita pelos trabalhadores no Ministério Público do Trabalho (MPT) de São José do Rio Preto (SP), pasta que atende a região de Fernandópolis. Segundo o MPT, fiscais foram enviados ao local e constaram diversas irregularidades, entre elas o trabalho escravo, péssimas condições do canteiro de obra e do alojamento.