A estudante de direito suspeita de ter planejado o assassinato do próprio pai, em Minas Gerais, foi filmada em uma praia do litoral do Espírito Santo. As imagens gravadas pelo celular e obtidas com exclusividade pelo “Fantástico” mostram Érika Passarelli sentada em um barzinho à beira-mar na Praia Grande, no município de Fundão, durante o feriado da Semana Santa, na segunda quinzena de abril. Ela é considerada foragida pela polícia.
Segundo a investigação, com a morte do pai, Érika pretendia resgatar um prêmio de seguro de vida no valor de R$ 1,2 milhão. No crime, teria contado com a ajuda do namorado e de outro homem, que estão presos. Nas imagens gravadas, ela aparece com os cabelos compridos, visual diferente do divulgado pela polícia mineira.
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A suposta mentora do assassinato tem 29 anos e pode estar envolvida também com aliciamento de menores. Nesta semana, a polícia recebeu a denúncia de que Érika faria parte de uma quadrilha que traficava crianças para o exterior.
De acordo com o delegado chefe da Divisão de Crimes Contra a Vida, Wagner Pinto, ela tem uma capacidade muito grande de envolver outras pessoas. “Pegava crianças na periferia, crianças de mães mais carentes, montava documentação e vendia essas crianças pro exterior”, disse o delegado Wagner Pinto.
Mário José Teixeira Filho, o pai de Érika, foi assassinado em agosto do ano passado com três tiros na cabeça, dentro do carro na BR-356, na Região Central de Minas. O crime aconteceu dias depois de ele ter feito quatro seguros de vida. De acordo com a investigação, a jovem teria chegado a combinar com o pai a simulação da morte dele para receber o seguro milionário, mas o plano foi abandonado. A filha então planejou o homicídio, segundo a polícia.
Pai e mãe tinham denúncias de estelionato.
Outras imagens gravadas também em abril deste ano mostram a estudante fazendo compras. Ela gostava de esbanjar luxo e, para ostentar joias e roupas de grife, teria enganado muitos comerciantes. O vídeo é da câmera de segurança de uma loja. Segundo uma testemunha, a mulher foragida da polícia parecia uma compradora acima de qualquer suspeita. “Fez muitas compras durante o dia… o carro tava abarrotado. O tempo todo se mostrando como uma pessoa muito rica”, falou.
Cheques sem fundo e até cópia de cheques eram usados, segundo o chefe do Departamento de Investigações de Crime contra o Patrimônio, delegado Islande Batista. “A falsificação era grosseira. Ela xerocopiava as folhas de cheque do próprio talão dela, preenchia, assinava e fazia compras no comércio em geral na cidade de Belo Horizonte”, falou o delegado.
Durante a investigação, a polícia descobriu uma série de outros crimes envolvendo toda a família dela. O pai e a mãe dela praticavam golpes há pelo menos 15 anos, como estelionato, formação de quadrilha e falsidade ideológica. “A forma que a filha agia tem extrema semelhança com o que os pais praticavam os crimes”, afirmou o delegado Islande Batista. A mãe de Érika, Mara Lúcia Passareli, também estaria foragida
A polícia acredita que Érika tenha encomendado o assassinato do pai a dois homens: o namorado dela, Paulo Ricardo de Oliveira Ferraz, e o pai dele, o cabo da Polícia Militar, Santos das Graças Ferraz.
“É uma coisa que choca. Hoje nós vivenciamos um país onde crimes bárbaros cada vez mais ocorrem e não justifica tudo por causa de uma ganância, por causa de dinheiro”, falou o promotor Cristiano Gonzaga Gomes.
O Ministério Público deve oferecer denúncia contra a Érika e os outros dois suspeitos nesta segunda-feira (2).