EUA: Inflação e a dissipação dos riscos de recessão

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Fernanda Mansano

Os dados econômicos dos EUA divulgados nesta semana indicaram que o risco de recessão foi mais uma vez postergado, mesmo diante o cenário consecutivo de aumento de juros e o processo lento de desinflação. Dos dados do CPI, a inflação ao consumidor acelerou para 0,5% em janeiro no comparativo mensal, revisado de (-0,1%) para 0,1%, acumulando em 12 meses 6,4% ante 6,5% observado em dezembro.

A explicação para a inflação tem como cerne o mercado de trabalho que atingiu a marca de 3,4% de desemprego, menor que o período pré-pandemia (3,5%), corroborando com pressões sob o núcleo de inflação, este que exclui alimentos e energia, com alta de 0,41%, ou seja, há sinais de uma tendência inflacionária desafiadora. Em outras palavras, os dados de inflação ao consumidor americano um ambiente desafiador para o processor de desinflação nos próximos meses.

Em linha com o cenário de demanda aquecida, as vendas no varejo, também de janeiro, avançaram 3,0%, ante expectativa de avanço em 1,8%, fortalecendo a tese de que os impactos, ainda que defasados, da escalada dos juros ainda estão longe de serem verificados na atividade econômica.

Impactos no mercado

Diante do impasse do Federal Reserve na última decisão de juros que decidiu pela elevação de 25 pontos-base nos Fed Funds e levantou um tom dovish para as próximas decisões, os dados atuais tanto de inflação quanto de atividade econômica contradizem à proximidade do fim da escalada de juros para este primeiro trimestre.

Ou seja, diante a concretização de um cenário de juros mais altos e por um período maior na economia americana, um dos impactos no mercado será a continuidade de um dólar forte frente aos seus pares no curto e médio prazo, cenário o qual se contrapõe às expectativas do mercado da semana passada para a moeda americana.

Neste ínterim, diante a escalada dos juros, seria factível esperar por uma resposta negativa do mercado de risco, como o acionário e de criptoativos no curto prazo, contudo, os atuais dados da economia americana ainda não indicam sinais de recessão, fortalecendo a expectativa positiva para esses mercados.

EUA: Inflação e a dissipação dos riscos de recessão
 

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