Criptomoedas de menor expressão, também conhecidas como altcoins, costumam entregar retorno muito maior do que os 70% registrados pelo BTC até aqui em 2023
Apesar de alguns sobressaltos, o Bitcoin (BTC) vem sustentando os ganhos na casa de 70% obtidos no primeiro trimestre de 2023. É uma enormidade perto dos ativos financeiros tradicionais, mas nem tanto assim em comparação aos ativos digitais que envolvem mais risco. Quem compra criptomoedas menores costuma esperar lucro na casa dos três ou até quatro dígitos em alguns casos.
No mundo cripto, esses tokens são equivalentes às ações small caps na Bolsa.
Esse perfil de investidor ficou mais esperançoso desde esta quarta-feira (3), quando o Bitcoin voltou a alimentar expectativas de que a tão esperada temporada das altcoins (criptos além do BTC) pode enfim estar a caminho.
Um dos sinais está no indicador “dominância do Bitcoin”, que mede a participação da moeda digital no mercado mais amplo de criptoativos: quanto menor é a dominância, maior é a tendência de ver movimentos de alta agudos em tokens menos valiosos. A dominância do BTC aumentou repentinamente hoje na sequência de mais uma crise com banco regional nos EUA, mas ainda apresenta queda na semana.
“A minha expectativa é de que o Bitcoin dê uma acalmada, e a gente veja a dominância, que está em um ponto de resistência, começar a cair”, explica o trader e investidor anjo de criptoativos Vinícius Terranova.
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Para alguns analistas, uma estabilização de preços do Bitcoin agora pode encorajar traders a moverem capital para ativos menores, dando largada em uma nova disparada nas altcoins. Veja, a seguir, 14 ativos digitais de menor expressão que, segundo especialistas, estão em posição mais vantajosa para o investidor que deseja se arriscar nesse setor.
As mais conhecidas — e mais seguras
- Ethereum (ETH)
Após passar com sucesso por mais uma atualização no mês passado, chamada de “Shanghai” (ou Shapella), o Ethereum (ETH) caminha para alcançar um amadurecimento apontado por especialistas como essencial para que a tecnologia atraia mais investidores institucionais.
Apesar de ter apenas oito anos de vida, a plataforma de contratos inteligentes é amplamente usada no mundo (inclusive em Wall Street, pelo JPMorgan e outros players do setor bancário) e tem um valor de mercado de mais de US$ 220 bilhões. Pela evolução recente e espaço para crescimento, analistas enxergam no ETH uma aposta certeira para o investidor que se expor ao mundo dos criptoativos com uma visão de longo prazo.
“Após o Shapella, o token não sentiu pressão de venda e vem, aos poucos, aumentando o número de holders fazendo staking [espécie de conta de rendimento integrada à tecnologia]. A tendência é de contínuo desenvolvimento do protocolo e de que o token ganhe valor em médio a longo prazo”, avalia João Kamradt, head de research e investimentos da Viden, um fundo de venture capital especializado em Web3.
Levando em conta que o mercado cripto continue agindo de maneira descorrelacionada ao cenário macro global, como aconteceu nos primeiros meses do ano, Pedro Mace , head de Defi da Transfero, também aponta o Ethereum como ativo promissor para o investidor que está pensando em alocar agora.
- Lido DAO (LDO)
Vários projetos cripto se beneficiam diretamente do sucesso do Ethereum, mas poucos estão melhor posicionados neste momento do que o Lido DAO ([ativo=LDO]). Trata-se da mais usada plataforma de staking, oferecendo intermediação do processo de renda passiva e reduzindo a barreira de entrada nesse segmento cripto.
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Um de seus trunfos está na contribuição com a liquidez do mercado por meio da emissão de ativos sintéticos que podem ser negociados livremente enquanto os recursos do investidor estão presos na “conta de rendimento”. Se a nova versão do Ethereum de fato trouxer mais gente para o staking, a Lido e seu token, o LDO, devem sair ganhando.
“A Lido DAO é hoje o protocolo mais utilizado para fazer staking de Ethereum, e ela tem lucro e paga dividendos”, comenta Terranova. “Não faz sentido ter Ethereum fora do steaking se você está só holdando [segurando], e a maioria do Ethereum hoje está só em hold”.
Kamradt, da Viden, destaca que a atualização gerou um aumento da confiança dos investidores em fazer o processo de steaking, visto que agora não existem mais travas para saques. “Com isso, naturalmente os protocolos desse setor tendem a reter mais tokens, crescendo em termos de TVL (valor investido) e volume de negociações e, por consequência, receita gerada”, diz.
“O token LDO, que garante participação na governança do protocolo, tende a se valorizar cada vez mais por conta desse aumento na geração de receita da DAO (organização descentralizada por trás do projeto)”, complementa o head de research do VC.
- Polygon (MATIC)
Ainda na onda do Ethereum, outra cripto que pode sair em vantagem é a Polygon (MATIC), tem como um dos objetivos desafogar a rede principal do Ethereum em momentos de pico. No entanto, a Polygon já vem ganhando vida própria, sendo escolhida por diversos projetos de tokenização como a tecnologia mais vantajosa do ponto de vista de escalabilidade — ela é compatível com o Ethereum, mas é mais rápida e barata de transacionar.
Adobe, Starbucks, Adidas e Disney são algumas das empresas que já anunciaram projetos utilizando a Polygon como camada de infraestrutura para emitir tokens.
“O protocolo continua num desenvolvimento contínuo e as soluções atraem cada vez mais desenvolvedores e protocolos. É um dos tokens que mais pode agregar em um futuro próximo”, aponta o head de research da Viden.
As taxas para operar na rede, vale lembrar, devem ser pagas com o token MATIC da Polygon.
- BNB Chain (BNB)
Velha conhecida do investidor de criptomoedas, a BNB Chain (BNB) ainda é considerada promissora pelas diferentes opções de utilidade que sua patrocinadora, a corretora Binance, criou para a criptomoeda. Uma delas está ligada à plataforma de lançamento de projetos na exchange, conhecida como launchpad: o token funciona como um bilhete de entrada que credencia o investidor interessado em comprar criptomoedas novas por um preço mais baixo.
“[A BNB] sobe porque as pessoas compram para participar dos launchpads, e quando a Binance começa a lançar um launchpad atrás do outro, não para até o final [do ciclo de alta do mercado]”, conta Terranova, especializado em investimento em projetos cripto em estágio inicial.
“A BNB dá a possibilidade de ganhar novas moedas, [permite] pagar taxa da corretora, taxa da rede [BNB Chain], tem token burn (queima de criptomoeda, espécie de recompra de ações no mundo cripto) automático. Não tem por que deixar a BNB de fora do seu portfólio”, explica o especialista.
- Arbitrum (ARB)
A Arbitrum (ARB) é hoje a rede secundária do Ethereum mais usada do mundo, e lançou recentemente seu próprio token, o ARB, que foi distribuído gratuitamente para a comunidade. Apesar de problemas nesse início de vida do token, o ativo é visto como tendo potencial de crescimento dada a adesão da tecnologia por usuários — o projeto GMX, por exemplo, que ficou famoso nos últimos meses, roda nessa camada secundária do Ethereum.
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“[O projeto] passou por uma crise na governança do protocolo, após a Arbitrum Foundation vender uma grande quantidade a mercado e vem se desgastando com a comunidade”, pondera o especialista da Viden. “Mas, após isso o preço se estabilizou e o ecossistema vem ganhando mais adeptos”, destaca.
- Moss Carbon Credit (MCO2)
O token MCO2, emitido pela empresa brasileira Moss, é um crédito de carbono em formato de token que é usado por grandes empresas, como a Gol, para compensar a pegada ecológica. O criptoativo está no radar de César Felix, executivo da exchange NovaDAX.
“Com a preocupação da preservação ambiental cada vez mais abrangente, moedas lastreadas em crédito de carbono também são uma boa opção, como a MC02. Apesar de vir em leve queda, mudanças regulamentares relacionadas a políticas de proteção ambiental aliadas ao interesse cada vez maior das empresas por créditos de carbono podem alterar esse cenário”, aponta.
- Tezos (XTZ)
Rivais do Ethereum também estão no portfólio dos especialistas ouvidos pela reportagem. Um deles é o Tezos (XTZ), que segue patrocinando grandes eventos com a intenção de reforçar sua comunidade de desenvolvedores e, assim, aumentar o número de aplicativos que utilizam a tecnologia.
O histórico longo para o mundo dos criptoativos é um dos elementos que jogam a favor do token XTZ. “Como uma blockchain pública estabelecida, a XTZ tem operado de maneira estável desde 2018”, ressalta Alexandre Lin, da TruBit, lembrando que a Tezos acumula mais experiência que o Ethereum no sistema de staking, com 70% dos tokens travados no mecanismo.
“Quando o ecossistema em expansão atingir seu auge, é provável que a XTZ ganhe ainda mais destaque no mercado de criptomoedas”, projeta.
- Stepn (GMX)
Outra aposta de Félix é o Stepn ([ativo=GMT]), uma criptomoeda que recompensa o usuário pela prática de atividades físicas ao ar livre, como caminhar e correr. O conceito foi batizado de move-to-earn.
“O grande diferencial do aplicativo Stepn é que ele consegue unir elementos Game-Fi (jogos e finanças) e Social-Fi (redes sociais e finanças), deixando o mundo NFT mais interessante e cheio de interatividade. Além disso, a cripto não só ajuda na eliminação de calorias, mas também auxilia na compensação de carbono no meio ambiente”, explica o executivo da Novadax.
As menos conhecidas — mas com maior potencial
- Oasis Network (ROSE)
A Oasis Network ([ativo=ROSE]) é considerada uma aposta promissora, entre outros motivos, porque foi escolhida pela Meta (m1ta34) para desenvolver a tecnologia de Inteligência Artificial da empresa. Apesar disso, o projeto ainda não está no radar da maioria dos investidores de varejo.
Além disso, o gráfico da criptomoeda mostra potencial, segundo Terranova.
“Acumule ROSE porque, se a gente olhar para o gráfico, ela não está tão distante assim do ponto mais baixo em que já esteve e, para alcançar o ponto mais alto, [ainda] precisa subir quase 10 vezes o valor [atual]”.
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- Spool (SPOOL)
A Spool (SPOOL) é uma das grandes apostas de Terranova para quem mira ganhos de pelo menos três dígitos no longo prazo. O motivo, explica, é o potencial de oferecer ferramentas úteis para traders no mundo das finanças descentralizadas (DeFi), a ponto de substituir diversos projetos cripto que hoje são muito mais valiosos.
“A Spool sozinha consegue matar uns 16 projetos que estão no topo do [agregador] CoinMarketCap. Ela vai entregar uma solução all-in-one (tudo em um), e é um projeto que vai explodir”, comenta o especialista.
Ele relembra que a Spool ainda está na posição 800 entre as criptos de maior valor de mercado, com capitalização de US$ 18 milhões, porém deve bater de frente com projetos consolidados como Curve (CRV) e Aave (AAVE), que valem entre US$ 700 milhões e US$ 1 bilhão cada.
- ImmutableX (IMX)
A ImmutableX ([ativo=IMX]) é uma blockchain que alia a segurança do Ethereum a um ambiente otimizado para rodar jogos descentralizados. A solução vem ganhando tração no mundo gamer por oferecer velocidade e capacidade de escala em um ambiente mais confiável do que a Solana (SOL), que tem a mesma promessa, mas sofreu com a queda da exchange FTX e seu principal patrocinador, o ex-bilionário Sam Bankman-Fried.
O projeto ganhou a dianteira no segmento dos jogos da Web3 e vem lançando várias novidades. “Recentemente os desenvolvedores do protocolo anunciaram o Immutable Passport, uma carteira digital que pretende integrar os jogadores na Web3, favorecendo a visão de ‘plug & play’ e uma integração invisível e funcional, e lançaram uma versão da Unreal Engine focada em protocolos de Web3″, conta João Kamradt, da Viden.
- Mux Protocol (MCB)
Melhor posicionada que a Spool, porém ainda longe das cabeças do ranking, na posição 421, a Mux Protocol (MCB) vem ganhando usuários por funcionar como um agregador de exchanges descentralizadas de derivativos.
Esse tipo de plataforma passou a ficar no radar de traders de criptos após a pressão regulatória contra exchanges que oferecem futuros de ativos digitais — ao contrário das corretoras comuns, as versões que rodam em ambiente descentralizado não sofrem interferência de reguladores.
“Da última vez que eu recomendei, estava a US$ 3,50, e hoje está a US$ 15, mas continua sendo um projeto interessante”, assevera Terranova. “Ela concorre com a [ativo=GMX], mas é um projeto com US$ 55 milhões de market cap (capitalização de mercado) competindo com um de US$ 600 milhões, então há um potencial da moeda atingir ainda US$ 150″.
- Rocket Pool (RPL)
“Primo pobre” da Lido DAO, a Rocket Pool (RPL) é uma plataforma descentralizada de staking de Ethereum que também pode se beneficiar do aumento da procura dos investidores pela solução nativa de renda passiva para ETH.
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“Nessa tendência, as partes interessadas no ecossistema do Ethereum se beneficiarão do crescimento. Como o RPL oferece um serviço de staking mais fácil de usar, ele também pode se tornar um projeto popular nesse cenário”, afirma Alexandre Lin, da TruBit.
- AllianceBlock Nexera (NXRA)
Mais novato da lista, com lançamento em março, a AllianceBlock Nexera (NXRA) é um projeto blockchain que visa melhorar as pontes entre as criptos e o sistema financeiro tradicional. Ele, no entanto, se destaca por um detalhe da economia interna do seu token, o NXRA, que tem uma tendência de baixa inflação ao longo do tempo
Os criadores adotaram uma estratégia diferente de projetos fadados ao fracasso: ao contrário de criptos suspeitas em que o criador fica com boa parte das moedas para despejar nos investidores, cerca de 70% dos tokens NXRA já foram emitidos com pouco mais de dois meses de vida do protocolo.
“Quanto mais do suprimento [de uma criptomoeda] já tiver sido liberado, melhor, porque a descoberta do preço já está pronta [para acontecer]”, conta Terranova.