As autoridades da Indonésia elevaram nesta quarta-feira (27) o número de mortos após tsunami e erupção do vulcão Merapi para 179, segundo as agências de notícias Associated Press e France Presse. O número ainda pode aumentar, pois 400 estão desaparecidos.
O vulcão Merapi, um dos mais ativos e perigosos do mundo, entrou em erupção nesta terça (26) na Ilha de Java, na Indonésia, deixando pelo menos 25 mortos no dia seguinte a uma ordem de retirada de pelo menos 19 mil moradores que viviam na região, anunciaram as autoridades na manhã desta quarta (27).
O país também foi atingido nesta terça por um tsunami que deixou 154 mortos em ilhas na região de Sumatra.
Segundo a Agência Nacional de Gestão de Desastres, dez localidades das ilhas Mentawai, a maioria situadas nas ilhas Pagai Selatan (sul) e Pagai Utara (norte), foram destruídas pelo tsunami decorrente de um terremoto de 7,7 graus de magnitude. Ondas de até seis metros varreram parte da região, depois que penetraram por 600 metros de terra firme.
O epicentro do terremoto, cujo desastre coincidiu com a erupção de um vulcão na ilha de Java, foi localizado a 33 km de profundidade e 149 km ao sul de Padang, no litoral oeste de Sumatra. Durante as horas seguintes ocorreram até 14 réplicas de magnitude máxima de 6,2.
A falha onde aconteceu o terremoto é a mesma que, em 26 de dezembro de 2004, causou o tremor de magnitude 9,1 seguido de tsunami, que destruiu localidades litorâneas de nações banhadas pelo Oceano Índico e matou 226 mil pessoas.
O Merapi está situado bem no meio de uma região extremamente habitada no centro da Ilha de Java. Mais de um milhão de pessoas vivem sob a ameaça de uma explosão do domo de lava, de nuvens incandescentes e lahars – avalanches de lodo formados pela fluidificação de materiais vulcânicos saturados de água, comportando-se como um fluido viscoso.
As autoridades haviam aumentado ao máximo, na segunda-feira (25), o nível de alerta ante o risco de erupção iminente.
“Ouvimos três explosões, às 18h (9h do horário brasileiro de verão), seguidas pelo lançamento de cinzas a 1,5 km de altitude e da formação de nuvens de vapor em torno” do vulcão, disse à AFP Surono, encarregado da vigilância vulcanológica na Indonésia.Não foi possível salvar um bebê que “apresentava sérias dificuldades respiratórias, após ter inalado poeira vulcânica”, afirmou um médico a uma televisão local. Pouco depois da morte do bebê, mais 12 corpos foram achados. Mais tarde, outros 13 corpos foram encontrados.
Entre as vítimas está o homem que personificou aos olhos dos indonésios o Merapi: Mbah Marijan, conhecido como “o guarda espiritual” do vulcão.
Marijan, de 80 anos, foi encontrado queimado em sua casa, a cerca de 4 km da cratera, segundo um correspondente da agência France Presse.
O número de mortos e afetados pode aumentar porque há pessoas presas na face sul do vulcão. O caminho de acesso está bloqueado por árvores que caíram com a erupção, disse um socorrista.
Milhares de pessoas que vivem num raio de 10 km em torno da cratera respeitaram a ordem de retirada, principalmente mulheres, crianças e idosos, acolhidos em centros comunitários ou barracas. Muitos homens, fazendeiros na maior parte, retornaram as casas ou se recusaram a deixá-las, para tratar de seus animais e plantações – as terras do Merapi são extremamente férteis.
A população está habituada às cóleras do Merapi, que entra em erupção num período de entre 4 a 5 anos – 68 erupções foram registradas desde a metade do século XVI, das quais algumas devastadoras, como em 1930 (1.400 mortos) e 1994 (60 mortos). A última ocorreu em junho de 2006.