No Sudoeste da França, uma equipe internacional de antropólogos descobriu o sítio arqueológico de Abri Castanet, que reúne uma série de representações em arte mural, até então as mais antigas registradas na Europa, com mais de 37 mil anos. Em estudo complementar, publicado nos anais da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, as referências mais antigas sobre pinturas rupestres remontam a Chauvet (também na França), que tem cerca de 36 mil anos.
De acordo com os pesquisadores, há diferenças em relação ao período e ao estilo nas pinturas de Castanet e Chauvet. Mas em ambas há características da cultura aurinhacense, do período pré-histórico do paleolítico superior. Os aurinhacenses foram os primeiros homens modernos oriundos da África que partiram para a região da Europa, há quase 45 mil anos.
No sítio arqueológico de Abri Castanet, em Périgord Noir, os cientistas descobriram um bloco de calcário, de 1,5 tonelada, com diversas imagens gravadas, que fazia parte da abóboda de uma caverna. Segundo os pesquisadores, o local foi utilizado como abrigo para um grupo de cerca de 300 caçadores. Uma análise geológica posterior revelou que a abóbada, em ruínas, estava dois metros acima do solo.
Os antropólogos se disseram impressionados com a riqueza das gravuras do bloco de pedra, como as representações dos cavalos e formas geométricas. Segundo eles, as imagens reproduzem o cotidiano dos primeiros homens modernos. O coautor do estudo e professor de antropologia da Universidade de Nova Iorque, Randall White, disse que o modo de vida dos primeiros homens tinha muita semelhança com a sociedade atual.
White disse ainda que os primeiros homens tinham também “identidades sociais relativamente complexas, comunicadas pelos ornamentos pessoais, e faziam escultura e artes gráficas”. De acordo com ele, os aurinhacenses tinham igualmente “uma linguagem sofisticada”.
Agência Brasil