O Brasil buscou nesta quarta-feira, durante um encontro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o rei da Jordânia, em Amã, o apoio jordaniano para atuar como mediador da paz entre israelenses e palestinos.
Segundo o Ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, a conversa privada entre Lula e o rei Abdullah 2º durou cerca de 40 minutos.
“Os temas variaram desde política da região à atual crise entre israelenses e palestinos e projetos econômicos e comércio entre os dois países”, disse Martins.
Os jornais na Jordânia afirmaram nesta quarta-feira que as autoridades do país veem com bons olhos a possível atuação do Brasil como mediador nas negociações entre israelenses e palestinos.
Martins disse que os jordanianos acham que o Brasil tem a capacidade necessária para ser interlocutor entre árabes e israelenses no processo de paz por sua credibilidade como país neutro e pacífico.
Ainda segundo o ministro, o presidente brasileiro quis ouvir do rei Abdullah 2º como o Brasil pode contribuir para a mediação.
Crise
A visita ao país árabe é a última escala de seu giro pela região, que incluiu encontros com líderes de Israel e Territórios Palestinos.
A viagem de Lula pelo Oriente Médio se dá em meio a mais uma nova crise detonada pelo anúncio da construção de 1,6 mil casas em Jerusalém Oriental – que os palestinos reivindicam como sua futura capital.
O governo americano chegou a classificar de “insulto” o anúncio do Ministério do Interior de Israel, que gerou um mal-estar com os Estados Unidos.
A Jordânia é o único país árabe, juntamente com o Egito, que assinou um tratado de paz com Israel, em 1994.
Uma grande parcela da população jordaniana tem origem palestina, e o país mantém total relação diplomática com Israel, incluindo investimentos mútuos em diversas áreas.
A viagem de Lula é a primeira de um presidente brasileiro à Jordânia, assim como a Israel e Territórios Palestinos.
Comércio
Segundo o ministro Franklin Martins, o presidente Lula teve também conversas com o monarca jordaniano sobre possibilidades de investimentos entre Brasil e Jordânia.
“A Jordânia planeja construir uma usina de desanilização e irrigação, além de uma hidrelétrica. O Brasil teria a capacidade de entrar nestes projetos”, salientou Martins.
Na quinta-feira, o presidente brasileiro participará de um fórum de negócios com cerca de 60 empresários brasileiros e mais de 400 investidores jordanianos.
Segundo Martins, os jordanianos têm muito interesse em investimentos brasileiros e também em investir no Brasil.
O volume de negócios entre Brasil e Jordânia, de acordo com o Itamaraty, ficou em U$ 190 milhões em 2009.
Este número é inferior aos U$ 318 milhões comercializados em 2008. A queda no comércio entre os dois países teria sido causada pela crise financeira e econômica mundial.
De acordo com o Itamaraty, o Brasil tem interesse em oportunidades de cooperação e exploração em diversas áreas como indústrias farmacêuticas, fertilizantes e turismo.
Entre os produtos que a Jordânia importa do Brasil destacam-se principalmente carnes, frangos e açúcar, enquanto que os principais produtos importados pelo Brasil são o alumínio e equipamentos militares.
Fonte: BBC Brasil Por: Tarik Saleh – Enviado especial da BBC Brasil à Amã