A oposição síria comprometeu-se a garantir a segurança de inspetores da Organização das Nações Unidas (ONU) no local dos presumíveis ataques com armas químicas, perto da capital, Damasco, atribuídos ao regime do presidente Bashar Al Assad.
O porta-voz da coligação oposicionista, Khaled Saleh, disse que o grupo está disposto a ajudar os inspetores da ONU em todos os deslocamentos aos locais onde, segundo ele, foram usadas armas químicas contra civis. Khaled Saleh traduziu declarações em árabe do seu secretário-geral da coligação, Badr Jamous, em uma conferência de imprensa em Istambul, na Turquia.
“Garantiremos a segurança dos inspetores da ONU, mas é fundamental que essa equipe possa seguir, nas próximas 48 horas, para a zona que foi atingida. O tempo está passando”, afirmou Saleh.
Horas antes, a Rússia, aliada do regime de Bashar Al Assad, apelou aos rebeldes para que “garantam” o acesso à equipe de especialistas que chegou quarta-feira (21) à Síria para investigar acusações anteriores de uso de armas químicas durante o conflito.
“As informações fornecidas pelos russos não são exatas”, disse Saleh, negando qualquer interesse dos rebeldes em dificultar o trabalho do pessoal da ONU.
Uma ofensiva ocorrida quarta-feira em Ghuta Oriental e em Muadamiyat Al Cham, dois setores controlados pelos rebeldes situados respectivamente nas periferias leste e oeste de Damasco, fez um número de vítimas ainda indeterminado. Balanço da oposição falou em 1.300 mortos e acusou o regime de Assad de ter feito ataques com gases tóxicos.
O Observatório Sírio dos Direitos Humanos, que se apoia numa ampla rede de ativistas e médicos, informou que houve 170 mortos, mas não pôde confirmar o uso de armas químicas. A organização não governamental (ONG) informou, contudo, que o regime tinha bombardeado intensamente aquela região.
As autoridades sírias desmentiram categoricamente as acusações de uso de armas químicas.
Na entrevista de imprensa de hoje em Istambul, a coligação de oposicionistas reafirmou que 1.302 pessoas morreram nos ataques e confirmou as acusações de emprego de armas químicas pelo governo sírio.
Citando informações de “fontes que ainda trabalham com o regime, mas apoiam a revolução”, Saleh referiu-se ao disparo de pelo menos três salvas de mísseis equipados com ogivas químicas. Segundo ele, perto de 40 mísseis foram disparados, mas não foi confirmado o tipo de arma química utilizada. “Conseguimos recolher amostras de cabelo, sangue e urina e também estilhaços de mísseis e vamos enviá-los para fora da Síria para exames adicionais”, informou.
Agência Brasil