Morre aos 99 anos o escritor argentino Ernesto Sabato

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Romancista presidiu comissão que investigou desaparecidos políticos.

Vencedor do Prêmio Cervantes, morreu após bronquite, disse a mulher.

O escritor Ernesto Sabato, vencedor do Prêmio Cervantes de Literatura e um dos maiores autores argentinos do século XX, morreu aos 99 anos em sua residência de Santos Lugares, na província de Buenos Aires. A informação foi divulgada neste sábado (30) pela mulher de Sabato, Elvira González Fraga.

“Há 15 dias teve uma bronquite e na idade dele isto é terrível”, declarou Elvira à rádio Mitre, ao confirmar o falecimento do escritor.

Escritor argentino Ernesto Sabato morreu em sua residência em província de Buenos Aires .

Sábato seria homenageado no domingo (1) na Feira do Livro pelo Instituto Cultural da província de Buenos Aires.

Segundo o jornal argentino “Clarín”, Elvira disse que o escritor estava sofrendo havia algum tempo, “mas tinha momentos bons, principalmente quando escutava música”. Romancista, ensaísta e artista plástico, Sabato é autor de obras como “O Túnel” (1948) e “Sobre Heróis e Tumbas” (1961).

A pedido do então presidente argentino Raúl Alfonsín, dirigiu dentre 983 e 1984 a Comissão Nacional sobre o Desaparecimento de Pessoas (Conadep), cuja investigação, publicada no relatório “Nunca Mais”, considerado o estopim para o julgamento de militares por crimes cometidos durante o regime militar argentino (1976-1983). O jornal “Clarín” o definiu como “um dos rostos emblemáticos do regresso democrático” no país e um dos “ícones mais populares” da literatura argentina.

Parentes informaram que o velório será realizado a partir das 17h deste sábado (30) no Clube dos Defensores de Santos Lugares, local onde o escritor passava as manhãs em partidas de dominó com amigos.

O escritor, que nasceu na cidade de Rojas em 24 de junho de 1911, obteve o título de doutor em Física em 1938 pela Universidade Nacional de La Plata, mas deixou a carreira científica nos anos 40 para se voltar à literatura com a publicação da compilação de ensaios “Alguém e o Universo”.

O reconhecimento internacional veio em 1961 com “Sobre Heróis e Tumbas”, e a consagração definitiva ocorreu em 1974 com “Abadon, o Exterminador”, que completam a trilogia iniciada com “O Túnel” (1948), adaptada ao cinema em 2006. Após ser agraciado com o Prêmio Cervantes em 1984, foi proposto como candidato ao Nobel de Literatura de 2007.

A última obra publicada por Sábato, que também recebeu os prêmios Gabriela Mistral (1983) e Menéndez Pelayo (1997), foi “Espanha nos Diários da Minha Velhice”, fruto de suas viagens ao país em 2002, enquanto a Argentina submergia na mais feroz crise econômica de sua história. Seus últimos livros, conforme o Clarín, incluem memórias e crônicas que se constituem como uma despedida da literatura. Ele completaria 100 anos em 2011 e vivia com sua colaboradora no trabalho, Elvira, que dirige uma fundação que leva o nome do escritor.

Segundo contou seu filho Mario Sábato, autor de um documentário sobre a vida de seu pai, o escritor já não saía de casa, estava sob cuidado de enfermeiras e quase não falava, embora ocasionalmente rompesse seu silêncio para ter algum breve diálogo com a família.

 

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