França remove mais de mil famílias de área de risco após enchente

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Presidente francês, Nicolas Sarkozy, visita em março casa danificada pela enchente

O governo francês anunciou que irá demolir de cerca de 1,4 mil casas em áreas sujeitas a inundações no oeste do país após a catástrofe causada, no final de fevereiro, pela tempestade Xynthia, que matou 53 pessoas.

Os moradores que serão obrigados a deixar suas residências serão informados nesta quinta-feira pelas autoridades municipais.

Cerca de 798 casas na região da Vendée e 595 na Charente Maritime, na costa Atlântica, as mais afetadas pela tempestade, serão totalmente destruídas porque estão situadas em zonas de “extremo perigo”, anunciou na quarta-feira o porta-voz do governo francês, Luc Chatel.

“Não é aceitável deixar os habitantes se reinstalarem nessas moradias. Essas áreas devem voltar ao seu estado natural”, declarou o porta-voz.

As casas haviam sido construídas em zonas de risco com todas as autorizações necessárias das autoridades municipais, o que causou grande polêmica na França após a catástrofe e provocou debates sobre a especulação imobiliária nessa região do litoral.

No vilarejo de La Faute-sur-Mer, um dos mais afetados pela tempestade Xynthia, quase um quarto do munícipio será totalmente destruído.

Xynthia

A tempestade Xynthia provocou ventos que chegaram a 160 km/hora em diferentes partes do país.

As regiões da Vendée e da Charente Maritime foram as mais afetadas porque os fortes ventos ocorreram, simultaneamente, no momento em que a maré estava no seu nível mais alto do ano nessas áreas.

Vários diques da região se romperam durante a tempestade. Como na enchente no Rio de Janeiro, as inundações ocorreram durante a madrugada e muitos moradores não tiveram tempo de deixar suas casas e morreram afogados.

A destruição das cerca de 1,4 mil casas nas regiões da Vendée e da Charente Maritime será feita “por acordo amigável de aquisição ou por expropriação”, no caso dos que se recusarem a sair, afirmou o porta-voz do governo.

A indenização a ser recebida é a principal preocupação dos moradores e já provoca vários debates na França.

Para evitar ações na Justiça, o governo francês se comprometeu a pagar indenizações de acordo com o valor de mercado que as casas e terrenos tinham antes das enchentes.

Segundo o ministro da Ecologia, Jean-Louis Borloo, o montante das indenizações aos proprietários das casas demolidas pode se situar entre 300 e 400 milhões de euros, que serão divididos entre o Estado e as companhias de seguros.

Por medida de precaução, as reuniões, nesta quinta-feira, que vão os informar os habitantes que terão suas casas destruídas, terão reforço policial.

O governo francês pediu a realização de um estudo para determinar as causas da catástrofe e apontar os responsáveis.

A tempestade causou prejuízos de 1,2 bilhões de euros, segundo a Federação Francesa das Empresas de Seguros.

‘Áreas negras’

As casas destruídas se situam em 16 “áreas negras” definidas pelo governo após a tempestade, ocorrida na noite de 28 de fevereiro.

O governo francês realizou uma cartografia de zonas declaradas inabitáveis, onde não será mais possível realizar nenhum tipo de construção.

A medida foi tomada após a polêmica sobre a urbanização intensiva para desenvolver as atividades turísticas dessas regiões litorâneas.

Estudos realizados em 2001 pelas autoridades regionais da Vendée já apontavam riscos de inundações em determinadas áreas. Segundo a imprensa francesa, os prefeitos foram alertados, mas não tomaram medidas.

Fonte: Daniela Fernandes – De Paris para a BBC Brasil

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