Nasa diz que laboratório será desativado no fim de 2030
A estação, do tamanho de um campo de futebol americano (109,7 metros de comprimento por 48,9m de largura), continuará a fazer voltas de 90 minutos em torno da Terra por mais oito anos.
Está assim selado o destino da estrutura lançada em 1998 e continuamente ocupada por astronautas desde novembro de 2000.
Planejado para operar no espaço durante 15 anos, o laboratório internacional viu o prazo de validade estendido. De acordo com relatório da Nasa, “há grande confiança de que a vida útil da EEI possa ser estendida até 2030”, embora essa viabilidade ainda esteja sendo analisada.
De acordo com a agência, estão sendo estudados “os recentes problemas técnicos a bordo do segmento russo”, detectados em setembro de 2021. Pequenas fissuras foram observadas na estação espacial, e uma autoridade russa alertou que podem piorar com o tempo. Foram também abordadas preocupações com equipamentos antigos e o risco de “falhas irreparáveis”.
No início de janeiro de 2031, a agência espacial norte-americana prevê que a EEI regresse à Terra.
O que restar da entrada na atmosfera será conduzido para Point Nemo, no Oceano Pacífico, local onde já estão outros satélites e detritos espaciais produzidos pelo homem. Point Nemo fica a cerca de 2.700 quilômetros de qualquer território e é considerado cemitério espacial.
A área em torno do espaço é conhecida pela total falta de atividade humana. Esse “Pólo Oceânico de Inacessibilidade” ou “Área Desabitada do Oceano Pacífico Sul” é praticamente o lugar mais distante de qualquer civilização humana que se pode encontrar, disse a Nasa.
Desde 1971, pelo menos cinco objetos espaciais de origem russa e norte-americana foram mergulhados em Point Nemo, ao abrigo da lei sobre o impacto ambiental do cemitério espacial.
Espera-se que a EEI se incendeie quando cruzar a atmosfera terrestre, à semelhança da Mir, estação espacial russa retirada do espaço em março de 2001.
Transição viável
Em sua página oficial, a Nasa explica os planos para a transição entre as operações da vida útil da EES e os serviços comerciais: “O compromisso da administração Biden-Harris, de estender as operações da estação espacial até 2030, permitirá que os Estados Unidos continuem a colher esses benefícios na próxima década, enquanto a indústria americana desenvolve destinos comerciais e mercados para uma economia espacial próspera”.
A agência explica que um dos objetivos da estação espacial é “ser um dos muitos clientes desses provedores de destinos comerciais, comprando apenas os bens e serviços de que a agência precisa”.
Ao lembrar o recorde de investigações científicas da EEI, Robyn Gatens, diretora da Estação Espacial Internacional, afirma, em comunicado, que outro objetivo é tornar os destinos comerciais, juntamente com tripulação comercial e transporte de carga, fornecedores da espinha dorsal da economia da órbita baixa da Terra, após a estação ser retirada de órbita.
“O setor privado é técnica e financeiramente capaz de desenvolver e operar destinos comerciais de órbita terrestre baixa, com assistência da Nasa. Esperamos partilhar as lições aprendidas e experiência de operações com o setor privado para ajudá-los a desenvolver destinos espaciais seguros, confiáveis e econômicos”, afirmou Phil McAlister, diretor de espaço comercial.
“A decisão de estender as operações e os recentes prêmios da Nasa para desenvolver estações espaciais comerciais em conjunto garantem a presença e capacidade humana ininterruptas e contínuas”, destaca a agência.
A Nasa firmou contrato para que módulos comerciais sejam anexados a porto de ancoragem de uma estação espacial. Também estabeleceu acordos de lei espacial para projeto de três estações espaciais comerciais de voo livre.
Segundo a agência, “a indústria dos EUA está desenvolvendo esses destinos comerciais para iniciar operações no fim da década de 2020 para clientes do governo e do setor privado”. Essa transição está associada “simultaneamente às operações da estação espacial, a fim de garantir que os novos recursos possam atender às necessidades dos Estados Unidos e de seus parceiros”.
De acordo com o jornal britânico The Guardian, a Nasa arrecadará cerca de US$ 1,3 bilhão em 2031, e esse valor deverá ser aplicado em pesquisa, permitindo que a agência explore mais e mais rapidamente o espaço profundo”.