Depois de quase duas horas de negociações hoje (19), dois diplomatas brasileiros da Coordenação-Geral de Privilégios e Humanidades do Ministério das Relações Exteriores deixaram a Embaixada da Líbia, em Brasília, com garantias de que o prédio e os funcionários estão em segurança. As articulações foram feitas após um entrevero entre servidores da própria representação devido à crise política que atinge o governo do presidente líbio, Muammar Khadafi.
A confusão começou no Eid Al Fitr – refeição noturna após um dia de jejum em decorrência do mês do Ramadã – quando funcionários da embaixada simpatizantes da oposição a Khadafi e um grupo de fiéis ao líder iniciaram uma discussão sobre política. Paralelamente, cerca de 30 manifestantes protestavam contra Khadafi e tentaram ocupar a representação diplomática.
A situação agravou-se quando os manifestantes trocaram a tradicional bandeira verde, que é a oficial da Líbia, por uma usada pelo Conselho Nacional de Transição – comandado pela oposição. O filho do embaixador da Líbia no Brasil, Mutas Zubeide, e dois seguranças armados reagiram aos manifestantes.
Integrantes do 1º Batalhão Rio Branco da Polícia Militar, responsável pela segurança das representações estrangeiras em Brasília, a Polícia Federal e dois diplomatas brasileiros foram chamados para tentar um acordo entre as partes. Por volta das 18h30, os manifestantes concordaram em retirar a bandeira. O embaixador Salem Zubeide deixou o local antes das negociações.
“A situação ficou mais delicada por se tratar do período do Ramadã [mês sagrado para o islamismo], período em que qualquer tipo de violência não é tolerada”, disse o subtenente do Batalhão do Rio Branco, Aloísio Leandro Maini.
A crise na Líbia já dura cerca de cinco meses, começou depois que manifestantes tomaram conta das ruas das principais cidades do país e rebeldes passaram a pressionar Khadafi a deixar o poder, depois de 42 anos no governo. O líder líbio resiste à pressão e militares da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) aumentam o cerco para forçar o Khadafi a renunciar.
Agência Brasil