A situação geopolítica pode se deteriorar no Líbano com o agravamento da guerra civil na vizinha Síria, levando a região a um conflito generalizado. O alerta é do almirante Luiz Henrique Caroli, que comandou a Força-Tarefa Marítima (FTM) da Força Interina das Nações Unidas para o Líbano (Unifil, na sigla em inglês), de fevereiro de 2011 a fevereiro de 2012.
“A ligação existente entre Líbano e Síria pode levar a uma degradação da situação como um todo, o que aumenta importância da força-tarefa marítima na missão, na medida em que as armas que hoje entram por terra no Líbano podem passar a entrar pelo mar”, avaliou Caroli, que participou hoje (7), na base naval do Rio, da solenidade de retorno dos cerca de 300 militares que estiveram no Líbano a bordo da Fragata União.
O almirante considerou que se não houver progressos diplomáticos e políticos na Síria, a situação pode tragar o Líbano para uma guerra generalizada. “Os dois países são como um só. Tem famílias que moram nos dois lados. O que acontece em um país, se reflete no outro. É inevitável”, declarou.
O agravamento na região também é apontado pelo comandante da Fragata União, capitão Ricardo Gomes, que desembarcou com a tripulação. “A situação da Síria influencia muito dentro do Líbano. A tensão aumentou bastante. Cada vez mais vemos uma preocupação de todos ali presentes com o conflito na Síria. Percebemos a presença de forças dentro do Líbano que são pró governo sírio e outras que são contra o governo da Síria.”
O retorno dos militares foi saudado com festa na base naval, com a presença de parentes. No tempo em que estiveram no Líbano, muitos tiveram a família aumentada. Com apenas 5 meses de idade, a pequena Amanda esperava nos braços da mãe, Rejane Tinoco dos Santos, para ser apresentada oficialmente ao pai, o sargento Paulo Anderson dos Santos.
“Foi uma fase muito difícil. Os primeiros meses foram complicados. Ficar longe dele, vendo só pela internet. Foram nove meses e dois dias. Não é fácil ser esposa de militar”, disse Rejane, que aguardava ansiosa a volta do marido, ao lado da outra filha, Carolina, de 4 anos.
Ana Cristina Rocha da Silva, mãe de Manuela, de 2 meses e 14 dias, que vestida de marinheira esperava para ser finalmente abraçada pelo pai, o suboficial João Vicente da Silva, manifestava a sua expectativa pela chegada do marido. “É difícil e complicado, mas é a profissão dele, temos que aceitar. O coração está acelerado, agora é que ele vai ver a filha e poder pegar no colo”, comemorou Ana Cristina Rocha da Silva.
A Fragata União retornou ao Brasil após nove meses de missão, tendo sido substituída pela Fragata Liberal. O comando atual da FTM, que inclui navios de mais cinco países, é do almirante Wagner Zamith. O próximo navio a seguir para a região será a Fragata Constituição.
A missão da Unifil é garantir segurança e estabilidade ao Líbano, ajudando a impedir a entrada de armas e contrabando. O país está em uma região historicamente conflagrada, fazendo fronteira com Israel de um lado e Síria do outro, próximo ao Iraque e ao Irã.
Agência Brasil
Postado por Marta Aguiar