O cineasta brasileiros Nelson Pereira dos Santos, de 84 anos, foi aplaudido ontem (22) de pé pela plateia após a exibição do filme, dirigido por ele, A Música segundo Tom Jobim, no Festival de Cannes, na França. A homenagem a Santos ocorreu no momento em que o Brasil foi escolhido pela direção do festival como convidado de honra desta edição. O filme foi feito em parceria com Dora Jobim, neta de Tom.
O documentário foi apresentado por Thierry Fremaux, um dos diretores do festival, que teceu uma série de elogios ao cineasta brasileiro. Fremaux lembrou que Santos foi um dos precursores do Cinema Novo. A homenagem a Santos foi acompanhada por vários cineastas, como Cacá Diegues, que preside o júri do Camera d’Or em Cannes, e Karim Ainouz, diretor do filme Madame Satã.
Dora, neta de Tom, disse que a maior dificuldade foi reunir as imagens. “Muita coisa nós só tínhamos no arquivo da família. Foi difícil selecionar. A ideia era que a música conduzisse a história”, acrescentou.
A Música segundo Tom Jobim, documentário de Santos, conta em uma hora a trajetória do artista por meio de suas composições. Não há palavras, diálogos e depoimentos. O fio condutor do filme é a melodia dos clássicos de Tom Jobim. Ao longo do filme, as composições de Tom são tocadas por ele, Chico Buarque, Gal Costa, Ella Fitzgerald e Diana Krall, entre outros.
Nas cenas do filme, há imagens com fotos, partituras, cartões postais, capas de discos e outros objetos que reconstituem a trajetória de Tom. O filme foi escolhido pela direção do festival para a sessão especial de ontem, mas a homenagem ao Brasil acaba apenas hoje (23) com uma grande festa no espaço Agora, na Croisette, uma das avenidas mais famosas de Cannes.
Dois filmes brasileiros também serão exibidos no Festival Cannes Classics, nesta edição. São eles Xica da Silva, de Cacá Diegues, e Cabra Marcado para Morrer, de Eduardo Coutinho. O filme Na Estrada, de Walter Salles, será exibido hoje e disputa a Palma de Ouro. O filme de Salles é considerado, segundo especialistas, um dos favoritos. A última vez que o Brasil ganhou o prêmio foi em 1962, com o filme O Pagador de Promessas, de Anselmo Duarte.
Agência Brasil