por Devair Guimarães de Oliveira
Hoje se consolida um sonho que é resultado de uma sementinha plantada por um homem, – Martin Luther King – que, numa época impossível, ousou pensar que os negros nos Estados Unidos poderiam ter vez. Tanto é verdade, que, consciente do risco que corria por essa ousadia, “petrificada” ficou sua nobre frase: “Se você não está pronto para morrer por alguma coisa, você não está pronto para viver”. E aos 39 anos de idade, em abril de 1968 ele foi bruscamente assassinado em Memphis, no Tenessee. Entretanto hoje, Terça-feira, 20/01/2009, o povo dos EUA e o mundo inteiro, se emocionaram ao ver concretizado esse sonho. É mesmo um país que tem uma linda história de seus colonizadores, homens que escolheram a América com o firme propósito de construir uma nação, onde, livremente pudessem adorar a Deus. Por isso mesmo penso que ela é a sua terra abençoada. Mesmo com apenas três meses na Primavera Boreal entre dia 20 de março e dia 21 de junho é só esse período para plantar e colher, eles conseguem ser um dos maiores produtores mundiais. Imagino o que poderia estar pensando Obama e sua esposa Michele ao subir as escadarias de mármore da Casa Branca. Ambos têm uma história de vida linda. Vieram de famílias pobres e venceram. Chegaram ao poder, preparados. São duas cabeças das mais intelectualizadas dos EUA, que conhecem e viveram as dificuldades dos pobres e negros americanos. Hoje Barack Obama é quase unanimidade em seu país. Sua chegada à Casa Branca, é fruto de um “enovelado” com uma urdidura jamais imaginada. Ele chegou ao poder pela força dos brancos e poderosos, onde em política vale mais o pensamento de um grupo que a do próprio presidente. Não tenho dúvida de que a política racial vai melhorar, mas, cabe ao setor negro intelectualizado, o grande desafio de ajudar a administração de Obama, começando a costurar um acordo que se inicia com desmonte do bloqueio econômico a Cuba, sendo esta por si só, uma tarefa de relevo, cuja restrição atrapalhou bastante o desenvolvimento da Ilha “socialista” de Fidel. Também deve estar em seus primeiros atos do presidente negro a necessidade de pôr um ponto final na ocupação do Iraque com a mais rápida retirada das tropas norte-americanas daquele país. Outros temas da agenda das relações internacionais ainda são uma incógnita de como Barack Obama vai proceder sem ferir interesses de aliados de primeira linha. Desses, e o que mais interessa ao Brasil, é o tema da política de subsídio agrícola dada pelos Estados Unidos a seus agricultores. Para o Brasil e Mercosul, essa questão tem importância delicada, já que uma política menos restritiva pode acelerar a produção e comercialização de alimentos no mundo. Uma das principais pontes entre o Palácio do Planalto e a Casa Branca, inegavelmente, e que possui “cacife” líquido e certo, é o ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, que foi professor de Obama na Universidade Harvard.
Analisando os primeiros nomes escolhido pelo primeiro presidente negro dos Estados Unidos, nada vai alterar a atual rota dos acontecimentos, como o do Consenso de Washington, muito menos os rumos da Doutrina Bush, tampouco a Nova Ordem Mundial, pela qual os Estados Unidos impõem sua dominação bélica ao resto do mundo. Há de se lembrar que os Estados Unidos tem uma indústria bélica que é uma das mais poderosas do planeta.
* Marginalizado: Posto à margem de uma sociedade, de um grupo, da vida pública, etc
Eu tenho um sonho: um dia, esta nação se erguerá e viverá o verdadeiro significado de seus princípios.
Eu tenho um sonho: um dia, nas rubras colinas da Geórgia, os filhos de antigos escravos e os filhos de antigos senhores de escravos poderão sentar-se juntos à mesa da fraternidade.
Eu tenho um sonho: um dia, até mesmo o estado do Mississipi, sufocado pelo calor da injustiça, será transformado num oásis de liberdade e justiça.
Eu tenho um sonho: um dia, meus quatro filhos viverão numa nação onde não serão julgados pela cor de sua pele, e sim pelo seu caráter.
trecho do discurso de Martin Luther King em 28 de agosto de 1963.
Se existe alguém que ainda duvide que os Estados Unidos sejam o lugar onde todas as coisas são possíveis, que ainda questione a força de nossa democracia, a resposta está aqui esta noite.
Trecho do discurso de Barack Obama em 04 de novembro de 2008