As Conchas mortas

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Por Humberto Pinho da Silva 

Teilhard de Chardin, cientista e pensador francês, nasceu a 1 de Maio de 1881,no Castelo de Sarcenat; não é escritor acessível à maioria das pessoas e ai reside a razão da sua obra não ser difundida como merece.

Pierre Teilhard de Chardin era o quarto filho de uma família de onze; passou a infância na província em ambiente campestre, culto e aristocrático.

Educado no Colégio de N.ª Sr.ª de Montegré, viria em 1911,ordenar-se sacerdote, integrando-se na Companhia de Jesus.

Mas não é a biografia que interessa neste momento, mas a obra, mais precisamente o que escreveu no “Mon Univers”.

O célebre pensador francês recorre, nesse livro, à imagem de conchas abandonadas ao longo do caminho da vida, ideia que considero sublime e traduz a evolução que sofremos.

Todos, mormente os que dobraram há muito o cabo dos cinquenta, deixamos fiadas indeterminadas de conchas abandonadas.

Cada concha despida origina outra diferente. Vamo-nos transformando: ano a ano, década a década, cultural e espiritualmente.

Ler, conviver, observar, pensar: muda o espírito; e com os anos, alteram-se: as leituras, gostos, ideias, e opiniões.

Todos sofremos metamorfoses: uns para melhor, outros, descendo na escala dos sentimentos, passam aos andares inferiores na “Casa Espiritual” de Kierkegaard.

Para que as conchas mortas, largadas ao longo do “caminho”nos transformem em seres perfeitos, evoluídos, superiores, é mister que trabalhemos como o estatuário, o nosso espírito; o mármore, como diz Chardin: duro, frio, estático…

Árdua tarefa que obriga constante aperfeiçoamento e tetânico esforço, inevitável se aspirarmos residir nos “andares” mais próximos do Céu.

No meu tempo de menino, recorria-se ao director espiritual, agora atinge-se com: o Exame de Consciência, leitura do Evangelho, e obras pias – pias e não piegas.

A cada concha despida deve suceder outra mais perfeita, mais evoluída, mais sã; só assim se cresce espiritualmente.

http://solpaz.blogs.sapo.pt/

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