A construção de 105 casa emergenciais para famílias em situação de extrema pobreza da Grande São Paulo mobiliza 1,5 mil voluntários durante o feriado prolongado da Proclamação da República. A inciativa é da organização não governamental (ONG) Um Teto para Meu País que atua em 19 países latino-americanos e já ergueu 737 moradias no Brasil.
Dar moradia que atenda minimamente às necessidades das famílias é, entretanto, apenas o começo da atuação da ONG nas comunidades. Segundo o diretor social da entidade, Ricardo Montero, as construções visam a substituir habitações muito precárias. “A gente acredita que ter famílias morando desse jeito, com teto que pinga, com água dentro de casa, é uma situação emergencial”, ressaltou.
As novas casas, além de melhorar a condição de vida dos beneficiados, servem para apresentar o trabalho da organização. Em seguida, com a participação dos moradores, são identificados os principais problemas da comunidade e, para enfrentá-los, são elaborados planos que abrangem áreas como educação, saúde, capacitação e microcrédito.
O trabalho de construção é feito por jovens voluntários, como Josie Ferreira, uma gerente de investimentos que sempre quis se dedicar à ação social. “Fazia tempo que estava procurando algo para me dedicar, mas não achava nada de acordo com as minhas convicções”, conta a jovem que está com as mãos machucadas do manejo das vigas e paredes de madeira das casas pré-moldadas.
Josie aponta como obstáculos para o trabalho deste feriado desde as preocupações da mãe até a falta de um lugar apropriado para tomar banho. “Estamos alojados em uma escola municipal por três dias”. Pequenos problemas que são compensados, segundo a jovem, quando se vê a alegria das famílias que recebem as moradias. “A satisfação da família em ver que alguém que eles não conhecem se disponibilizou [a ajudar] por um feriado inteiro.”
Sentimentos semelhantes fizeram com que Marcela Espinel, uma secretária de 22 anos, acompanhasse o projeto desde o Uruguai até o Jardim Peri, zona norte paulistana. Na região, 230 jovens estão construindo 26 casas. Marcela acredita que teve “muita sorte”, por estar ajudando pessoas que se preocupam e gostam de interagir com ela, apesar das dificuldades impostas pela língua. “Eles tentam me entender, falam devagar e até perguntam algumas palavras em espanhol”, conta a jovem. Ela destaca ainda que tanto no Uruguai quanto no Brasil essas famílias, que foram escolhidas entre as mais pobres, parecem ter problemas muito parecidos.
“Visitamos muitas comunidades para procurar as mais precárias entra as favelas”, explica o diretor Ricardo Montero. Ele acrescenta que, por fim, o projeto tem como objetivo tornar as comunidades independentes. “Comunidades que não precisem de ONGs, nem de ninguém para exigir os seus direitos sociais, como fazer a regularização fundiária do seu terreno ou melhorar a sua moradia.”
Agência Brasil