Casado com a Sra Lélis há 78 anos
Por Devair G. Oliveira
No dia 6 de janeiro estivemos na residencia do ex-combatente da Força Expedicionária Brasileira (FEB), o expedicionário José Tito Pimentel que completou 104 anos de idade no dia 4 de janeiro, vive com sua esposa Sra Lélis Pimentel que em dezembro completaram 78 anos de casados. Pais de cinco filhos, quatro mulheres, uma falecida e um homem.
Achamos interessante esta matéria para o Jornal das Montanhas, então fomos acompanhados do Nelio Nogueira que é amigo da familia por mais de 40 anos. Nélio aproveitou a oportunidade para prestar uma homenagem ao amigo levando uma foto.
O Sr Tito, tem uma saúde mental excepcional pela sua idade, lembra com detalhes muitas histórias da guerra e de toda sua vida, apenas tem dificuldade para caminhar, mas passa a maioria do tempo em sua poltrona assistindo televisão, quando necessita locomover usa um andador com auxilio de uma assistente de enfermagem que auxilia o Sr Tito colocando em uma cadeira de roda. Conta o ex-pracinha da FEB que teve uma vida muito pobre e sofrida. A primeira vez que calçou um sapato tinha nove anos, data em que fugiu de casa e foi morar com seu padrinho.
O Expedicionário José Tito Pimentel mantém viva a memória de tudo que passou no campo de guerra na Itália. “Era uma tormenta no campo de batalha, bomba caindo para todo lado e nós avançando, um frio que nunca tinha sentido, eu era municiador de atirador de metralhadora ponto 50, gente! É muito tempo 104 anos de idade e 78 anos de casados”. Diz o pracinha.
O ex-combatente da FEB Sr. José Tito Pimentel, foi reformado como 2º tenente do Exército. As metralhadoras ponto 50 são capazes de derrubar helicópteros e aviões sem blindagem e podem atingir alvos a uma distância de até 2 km. De acordo com o especialista em segurança pública Bruno Langeani, gerente do Instituto Sou da Paz, as armas conseguem disparar até 10 projéteis por segundo.
Segundo comenta o pracinha Sr.Tito, apesar de tudo o que passou, ele agradece ao Exército Brasileiro por tudo que tem. “Eu ingrecei nas fileiras do Exército na 5ª Cia/II do Btl 11º RI, embarcamos na segunda viagem do Rio de Janeiro para a Itália, quando começou a navegar todos nós olhávamos para as terras que iam ficando para traz, quando as vistas não alcançaram mais as terras brasileiras, você olhava em volta e via todos com lágrimas nos olhos, e ali começava a se formar uma grande amizade, coisa que não sei explicar, mas, amizade verdadeira que só quem fica muito tempo numa situação dessas sabe explicar essa amizade. Sinto muita saudade de muitos amigos, que desde que chagamos cada um foi para sua terra, amigos estes, que eu nunca mais vi.”.
Dos 25 mil soldados que o Brasil enviou à Europa, apenas 58 estão vivos e destes, 8 vivem em Minas Gerais, dentre eles o Sr. José Tito Pimentel que vive na cidade polo de Manhuaçu/MG, sendo o último pracinha vivo da região.
Força Expedicionária Brasileira (FEB)
Nos últimos meses de 1943, ficou decidido que o Brasil enviaria um corpo expedicionário para lutar no Mediterrâneo. Em 30 de novembro, foi designada a Comissão Militar Brasileira, que, sob a chefia do general Mascarenhas de Morais, tinha por objetivo observar de perto o teatro de operações no Mediterrâneo. Além de oficiais brasileiros, a comissão era também integrada por oficiais norte-americanos. Pouco antes de regressar da Itália e da África, o general Mascarenhas foi nomeado oficialmente comandante da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária.
No dia 15 de maio de 1944, no Rio de Janeiro, foi instalada o Estado-Maior Especial, com a função de planejar e executar o embarque da 1ª DIE, dividida em vários escalões. Era integrado por três oficiais do Estado-Maior Divisionário, o coronel Lima Brayner e os tenentes-coronéis Amauri Kruel e Humberto Castelo Branco, e dois membros da Missão Militar norte-americana, os tenentes-coronéis Sewel e Strong. A representação da FEB no interior coube ao general Henrique Teixeira Lott, e a supervisão, ao general Hayes Kroner.
O 1º Escalão para a Itália ocorreu na noite de 30 de junho para 1º de julho de 1944 no navio norte-americano General Mann, sob o comando do general Euclides Zenóbio da Costa. O 1º Escalão era constituído de um regimento de infantaria (6º Regimento de Infantaria), um grupo de artilharia, uma companhia de engenharia e elementos ligados aos setores de manutenção, reconhecimento, saúde, comunicações, polícia, justiça, Banco do Brasil e correio, num total de 5.075 homens. Junto com o 1º Escalão embarcaram o general Mascarenhas de Morais e alguns oficiais de seu estado-maior.
O 2º Escalão embarcou a 22 de setembro no navio General Mann, sob o comando do general Osvaldo Cordeiro de Farias, com 5.075 homens.
O 3º Escalão embarcou nesse mesmo dia no navio General Meigs, sob o comando do general Olímpio Falconière da Cunha, com 5.239 homens. O maior efetivo era o do 11º Regimento de Infantaria.
O 4º Escalão deixou o Brasil a 23 de novembro no navio General Meigs, sob o comando do coronel Mário Travassos, com um efetivo de 4.691 homens.
O 5º Escalão partiu a 8 de fevereiro de 1945 no navio General Meigs, sob o comando do tenente-coronel Ibá Jobim Meireles, com um efetivo de 5.082 homens. Os médicos e enfermeiras foram transportados por via aérea.
A Força Aérea Brasileira (FAB) partiu para a Itália em princípios de outubro, com um contingente de mais de quatrocentos homens sob o comando do major Nero Moura.
Ao contrário dos planos originais, portanto, a FEB foi constituída por uma única divisão, com um efetivo de 25.334 homens.
Com informações de: Daniel Mata Roque (Historiador, 2º vice-presidente da Associação Nacional dos Veteranos da FEB – Direção Central).