Vannuchi faz apelo a agentes da ditadura militar para encontrar desaparecidos políticos

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O ministro da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Paulo Vannuchi, fez um apelo aos militares e civis que participaram da repressão durante a ditadura militar (1964-1985) para que revelem, mesmo sob anonimato, onde estão os restos mortais dos desaparecidos políticos ou o que fizeram com os corpos. Segundo ele, a cooperação dos torturados é fundamental para esclarecer o destino dos militantes que desapareceram depois de serem capturados pelas forças do regime militar.

Vannuchi fez o apelo ao participar de evento sobre acessibilidade, no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo, na noite de ontem (2). Para ele, trabalhos de busca, como os que estão sendo feitos no Cemitério de Vila Formosa, na zona leste de São Paulo, apenas solucionarão casos pontuais, mas não darão conforto a todas as famílias.

“Isso tudo é como buscar agulha no palheiro, porque a questão chave nós não conseguimos resolver ainda, que é convencer as pessoas que participaram da repressão a contar [onde estão os restos mortais]”, disse Vannuchi. O ministro acredita que com a cooperação de colaboradores da ditadura militar será possível saber se há corpos que foram, por exemplo, mutilados ou jogados no mar. Os agentes militares e civis do regime poderão fazer “uma narrativa de como eles [os corpos] foram destruídos.”

No caso de Vila Formosa, as possíveis ossadas de desaparecidos foram encontradas em estado avançado de decomposição. “Houve uma quantidade de milhares de ossadas jogadas em cima e o peso transforma as ossadas de baixo em uma espécie de pasta”, contou Vannuchi.

Para o ministro, o país só conseguirá completar o processo de reconciliação democrática quando as famílias souberem o que aconteceu aos seus entes queridos. “Infelizmente, há ainda uma mentalidade raivosa, de ódio e de torturadores e de comandantes de torturadores que não fizeram a conversão à vida democrática.”

A Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos vinculada à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República tem registrados os nomes de 383 pessoas desaparecidas durante o regime militar.

Agência Brasil

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