Os candidatos a motoristas estão conseguindo marcar seus exames de rua sem a prática no simulador. O uso do equipamento é considerado obrigatório há 30 dias, mas o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) não criou mecanismos para bloquear aqueles que ignoraram a determinação durante o processo de formação neste mês.
Segundo Adilson Águido, chefe interino da Divisão de Habilitação do Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran- MG), apesar de a resolução valer para os candidatos matriculados desde o último dia primeiro, a exigência do simulador não está acontecendo na prática. “Os centros de formação de condutores estão tendo muitos problemas para adquirir os equipamentos. Um dos motivos é a falta no mercado. Esse problema não está acontecendo apenas em Minas Gerais, mas no Brasil inteiro. Somente quatro empresas são homologadas pelo Denatran para fornecer os aparelhos”, disse.
A resolução 444/2013 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) estabelece que os condutores precisam concluir cinco aulas de 30 minutos no simulador, com intervalos de meia hora entre elas. O Detran-MG autoriza a realização de no máximo três horas de aula por dia. Os alunos precisam enfrentar pelo menos dez situações reais de circulação em cada uma das aulas no simulador. A máquina vai registrar as infrações de trânsito cometidas pelo aluno.
De acordo com a assessoria de imprensa do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), o bloqueio não acontece pois, para o órgão, não deu tempo hábil para que esses candidatos marquem seus exames de rua. Porém, também não há uma data para que esse mecanismo de impedimento seja criado já que os representantes da entidade estão viajando pelo país para avaliar a implantação do simulador nas autoescolas. Só depois disso é que haverá um posicionamento sobre o cumprimento da resolução.
Viagem. Além do Denatran, integram essa comitiva representantes da Associação Nacional dos Detrans (AND) e da Federação Nacional das Autoescolas (Feneauto). Desde o último dia 21, o grupo já visitou oito Estados, dentre eles Minas. A expectativa é que a viagem pelo país termine em meados de fevereiro. Depois disso, será elaborado um relatório para o colegiado do Denatran.
Durante a visita a Minas Gerais, que aconteceu anteontem, os representantes do Denatran receberam a solicitação do Sindicato dos Proprietários de Centro de Formação de Condutores do Estado de Minas Gerais (SIPROCFC – MG) para prorrogar a exigência das aulas nos simuladores em doze meses.
Segundo o presidente do sindicato, Rodrigo Fabiano da Silva, menos de 1% das autoescolas em Minas Gerais possuem o equipamento. “Apenas 15 centros possuem o simulador, outros 50 já fizeram o pedido, mas as empresas pedem um prazo médio de 90 dias para a entrega”. Os simuladores custam cerca de R$ 38 mil para as autoescolas e cada aula no aparelho custa entre R$ 60 e R$ 80.
Saiba mais
– Ideia. Em 2009, o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) começou os estudos para implantar os simuladores de direção veicular.
– Resolução n°421/2012. Em 2012, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) determinou a utilização do simulador na formação dos condutores e estipulou o prazo para adaptação das autoescolas até 30 de junho de 2013.
-Problema. Até junho do ano passado, apenas uma empresa fornecedora estava homologada pelo Denatran. Por falta de equipamentos, a resolução n° 444/2013 prorrogou o prazo de adaptação dos centros de formação de condutores para 31 de dezembro de 2013.
– Pedido. Nessa quarta, o Sindicato dos Proprietários de Centro de Formação de Condutores do Estado de Minas Gerais solicitou ao órgão federal a prorrogação de um ano, a partir do dia primeiro de janeiro, para a implantação do simulador.
-Visita. Até meados de fevereiro, representantes do Denatran e de duas entidades visitarão os Detrans de todos os Estados para entender os motivos da dificuldade em disponibilizar os aparelhos.