Tragédia na região serrana afeta preços de hortaliças e legumes no Rio
Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – As consequências da tragédia na região serrana do Rio de Janeiro, castigada por fortes chuvas esta semana, vão além das mortes e da destruição de casas, ruas, pontes e estradas de Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis. Levantamento feito pela Central de Abastecimento do Estado do Rio de Janeiro (Ceasa) indica que a enxurrada também deverá ter reflexos nos preços das hortaliças e legumes, já que a maior parte da produção do estado vinha desses municípios.
Há dois dias, a Ceasa monitora a chegada de 35 produtos da região e constatou a elevação de preços em mais da metade deles. Já dobraram de preço o alface, a chicória e o tomate. A salsa teve reajuste de 500%, o pimentão, de 80%, o coentro, de 60% e o agrião, de 50%.
De acordo com o diretor de Relacionamento com a Produção da Ceasa, João Maurício Tomasi, as hortaliças e os legumes devem sofrer escassez momentânea. As frutas, que são menos perecíveis, não terão reajustes tão altos, porque vêm de outras regiões. Segundo ele, as informações iniciais indicam que plantações foram arrasadas e as que restaram têm dificuldades de escoar a produção.
Por isso, os supermercados estão preparando para colocar à venda produtos mais caros. A Associação de Supermercados do Rio de Janeiro (Asserj) estima que a partir do final de semana alguns itens serão reajustados entre 20% e 60%. A explicação é que como as folhagens e os legumes são produtos altamente perecíveis a comercialização e o consumo ocorrem muito rápido.
“A escassez aumenta preços. Teremos que buscar esses produtos em regiões mais distantes e, sem dúvida, a primeira consequência é a elevação de preços”, disse o presidente da Asserj, Aylton Fornari.
De acordo com a Asserj e a Ceasa, as hortaliças e legumes em escassez deverão ser comprados em São Paulo, Minas Gerais ou no Espírito Santo. Esses estados estão mais próximos do Rio e, por isso, o custo de transporte é menor.
Ainda segundo o diretor da Ceasa, os deslizamentos de terra, o transbordamento de rios e o bloqueio de estradas dificultam o transporte e fazem com que os produtos fiquem mais caro para o consumidor.
Tomasi manifestou ainda preocupação com a retomada da capacidade de produção da região. Sem conseguir contatos com os agricultores, ele recomenda que a Empresa Técnica e de Extensão Rural do Estados do Rio de Janeiro (Emater) faça o mais rápido possível um balanço da situação. “A nossa preocupação é ter um detalhamento maior sobre o que está acontecendo na região.”