Os movimentos sociais ligados à questão da agricultura familiar esperam um maior espaço de diálogo com o governo a partir da substituição do ministro do Desenvolvimento Agrário. Na avaliação de dirigentes dos movimentos, o diálogo com Afonso Florence não vinha fluindo como o desejado e a entrada de Pepe Vargas na pasta pode significar a abertura de um canal com o governo.
“Ele [Pepe Vargas] tem diálogo. Não é de ficar meses no mesmo assunto. Não vou dizer que ele resolve da forma que o movimento quer, mas acho que ele vai encaminhar os projetos”, disse o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Rio Grande do Sul (Fetag-RS), Elton Weber, que participou hoje da posse do ministro. “A interlocução com o antigo ministro estava difícil, não vou dizer que estava fácil”, revelou.
Weber informou que, juntamente com a Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Contag), pediu uma audiência com o novo ministro na próxima semana. “Ainda estamos aguardando confirmação”, destacou. “Nós temos uma expectativa positiva contanto que ele tenha esse espaço que a gente sempre viu nele, e que as nossas questões também avancem”, disse Weber.
A posse do novo ministro do Desenvolvimento Agrário ocorreu hoje, pela manhã, no Palácio do Planalto. O ministro assume a pasta em clima tenso no campo, com a promessa de uma jornada unificada de lutas dos movimentos sociais e de manifestações, como o Abril Vermelho, mais intensas. Na avaliação dos trabalhadores do campo, o andamento das pautas da reforma agrária dentro do governo foi lento.
Para Weber, no entanto, a posse do novo ministro não será suficiente para abrandar o Abril Vermelho, série de manifestações e ocupações feitas anualmente pelo MST para lembrar o massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido em 17 de abril de 1996 no Pará, e pedir agilidade na reforma agrária.
“Acho que, no primeiro momento, a posse de Pepe Vargas não terá efeito de abrandar os movimentos. Primeiro, ele vai ter que demonstrar que está empenhado em tocar a pauta para frente, porque não é uma questão pessoal, é uma questão das entidades”, avaliou.
Entre as reclamações dos trabalhadores do campo está a questão das dívidas da agricultura familiar. “Nós temos questões referentes ao endividamento. Há uma necessidade de ajustes em outras questões estruturantes, como a questão do seguro agrícola, por exemplo.”
Outro pedido do movimento agrário é que o governo lance um plano nacional para irrigação. “Nossa questão é um projeto nacional de irrigação, porque não só no Sul, mas também no Nordeste e em muito outros lugares, há a questão da seca que precisa ser resolvida”, destacou.
Agência Brasil