o oceano que existe em nós.

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em um momento de contemplação à beira-mar, uma reflexão sobre como nossas emoções, ansiedades e alegrias nos conectam a algo maior e nos afastam da ideia de estarmos sozinhos no mundo.

chapéu: Reflexões sobre a vida, a solidão e a interconexão humana.

fiquei parado admirando as ondas e como o mar chegava até os meus pés. engraçado, pensei. às vezes ele chegava bem devagar, quase com medo de me tocar. às vezes vinha com pressa, quase nervoso, prestes a me arrastar. precisava até fincar os dedos na areia para me firmar. será que eu sou como o mar? que tem medo de avançar algumas vezes e em outras me atiro com a pressa e a ansiedade de quem precisa ir logo?

a água era tão cristalina que eu podia ver minúsculas partículas de areia misturadas à água. elas vinham agitadas. não sei se haviam sido arrastadas ou se estavam felizes de terem vindo. resolvi me agachar e olhar mais de perto. havia tanto ali. percebi (ou me lembrei?) que o mar é feito de milhares, milhões de “coisas” misturadas, formando algo imenso, quase infinito. entre tantos mares e oceanos, será que somos um oceano? milhões de coisas minúsculas entre células e pensamentos? entre tormentos e ansiedades, e amores e tristezas e alegrias e mágoas, formando isso tudo, o que se vê e o que não se vê?

lembrei de como sou pequeno, frente ao universo, como um grão daquela areia na imensidão da praia do universo. e, ao mesmo tempo como eu estou interligado a tudo. exatamente como a praia ou um oceano. um grão, por mais distante do outro, está sempre ligado de alguma forma, assim como todos nós. vivendo nesse planeta, como se fôssemos realmente como uma praia gigante, um oceano infinito. mas parece que não nos damos mais conta disso tudo. esquecemos do oceano, da praia, da areia. passamos a viver em ilhas solitárias achando que somos apenas conchas, fechados em si. isolados em problemas e paranoias que, para nós, são únicos. só o nosso sofrimento, só os nossos problemas são reais e importam. só nós sofremos como mais ninguém.

está na hora de molharmos nossos pés no mar e olharmos a areia para nos lembrar, de verdade, que nunca fomos ilhas, sempre fomos oceanos.

enrico pierro

observação: os textos do autor são sempre escritos em caixa baixa, pois é

como ele idealiza expressar suas ideias e pensamentos, trazendo uma leveza

visual.

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