A Vale anunciou na quarta-feira (18/12) a conclusão de obras que vinham sendo realizadas com o objetivo de garantir que, no período chuvoso, o Rio Paraopeba não seja poluído por novos fluxos da lama que vazou após o rompimento da barragem ocorrido em janeiro deste ano em Brumadinho (MG). São diversas estruturas integradas. As construções foram prometidas em junho e vinham sendo finalizadas gradativamente nos últimos meses. De acordo com a mineradora, elas contribuirão para uma redução significativa da turbidez da água do rio.
“Após as primeiras chuvas mais intensas, que aconteceram nos meses de outubro, novembro e começo de dezembro, a avaliação do resultado alcançado até o momento é positiva. As estruturas cumpriram o objetivo conceitual do processo de reduzir o carreamento de sedimentos para o rio”, diz a Vale.
Na tragédia de Brumadinho, 257 pessoas morreram, a maioria empregados da própria mineradora e de empresas terceirizadas que atuavam na mina onde estava a barragem. O Corpo de Bombeiros continua trabalhando na busca por 13 desaparecidos.
As obras incluíram ainda a remoção dos rejeitos em trechos do Rio Paraopeba por meio de dragagem. Todas estas intervenções foram previstas no Plano de Contenção de Rejeitos, apresentado pela Vale aos órgãos públicos após o rompimento da barragem.
Somente entre a barragem que se rompeu e a confluência do Ribeirão Ferro-Carvão com o Rio Paraopeba, foram construídas três grandes estruturas de contenção, sendo duas barreiras hidráulicas filtrantes e um dique, além de 25 pequenas barreiras estabilizantes. Neste trecho, ainda está depositado o maior volume de rejeitos que vazou.
A Vale também implantou uma Estação de Tratamento de Água Fluvial (Etaf), que entrou em funcionamento em maio. Desde então, cerca de 3 bilhões de litros de água foram captados, tratados e devolvidos ao Rio Paraopeba com turbidez dentro dos padrões legais determinados pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama).
Segundo a mineradora, o conjunto de intervenções demandou até o momento cerca de R$ 500 milhões e deve alcançar R$ 1,8 bilhão até 2023. A Vale afirma que as estruturas são descomissionáveis, isto é, podem ser desmontadas quando não mais forem necessárias.
Reativação
Estão nos planos também obras em Córrego do Feijão, comunidade de Brumadinho mais afetada na tragédia. A Vale informou que um projeto de requalificação urbana chamado território-parque inclui diversas ações de melhoria da infraestrutura, tais como pavimentação e urbanização de ruas e reformas de casas e estruturas. São previstas ainda medidas para reativar a economia, desenvolver o turismo local e preservar a memória das vítimas do rompimento.
De acordo com a mineradora, o projeto foi elaborado após um processo de escuta que identificou as principais reivindicações da comunidade. “A proposta é que as primeiras obras sejam concluídas e entregues em dezembro de 2020”, diz a Vale.
Léo Rodrigues - Repórter da Agência Brasil