Relatório indica que as concentrações de ferro, manganês, cromo e cobre estavam acima dos limites máximos permitidos na legislação
Um relatório divulgado na sexta-feira (22/03) pela Fundação SOS Mata Atlântica mostra que o rio São Francisco já está contaminado com rejeitos da barragem Córrego do Feijão, que se rompeu no dia 25 de janeiro, em Brumadinho.
Entre os dias 8 e 14 de março, a equipe da SOS Mata Atlântica foi novamente à região e percorreu a área até o Alto São Francisco para verificar a presença de rejeitos.
Dos 12 locais que foram analisados, nove estavam com condição ruim e três regular, o que torna o trecho a partir do Reservatório de Retiro Baixo, entre os municípios de Felixlândia e Pompéu, até o Reservatório de Três Marias, no Alto São Francisco, com água imprópria para uso da população.
Nestes pontos, a turbidez da água estava acima dos limites legais definidos pela Resolução 357 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) que serve de parâmetro para a qualidade da água doce superficial. Em alguns locais, o indicador chegou a ser verificado entre duas e seis vezes mais que o permitido.
Além disso, as concentrações de ferro, manganês, cromo e cobre também estavam acima dos limites máximos permitidos na legislação, o que evidencia o impacto da pluma de rejeitos de minério sobre o Alto São Francisco.
Segundo a SOS Mata Atlântica, os dados comprovam que o Reservatório de Retiro Baixo está segurando o maior volume dos rejeitos de minério que vem sendo carregados pelo Paraopeba. Apesar das medidas tomadas no sentido de evitar que os rejeitos atinjam o rio São Francisco, os contaminantes mais finos estão ultrapassando o reservatório e descendo o rio e já são percebidos nas análises em padrões elevados.
Por meio de nota, a Agência Nacional de Águas informou que “as análises de água realizadas no rio Paraopeba não confirmam que os rejeitos da barragem de Brumadinho já tenham passado da Usina Hidrelétrica de Retiro Baixo, antes da Usina Hidrelétrica de Três Marias e, portanto, antes do Rio São Francisco”.
A ANA afirma ainda que a análise da qualidade da água do rio Paraopeba feita antes do evento da ruptura da barragem de Brumadinho já apontava níveis de contaminação, por ferro e alumínio, que mascaram a passagem da lama.
Repórter Cintia Moreira