Estudo inédito feita pela Embrapa Solos na Área de Proteção Ambiental (APA) Rio Macacu, situada entre os municípios fluminenses de Guapimirim e Cachoeiras de Macacu, estimou entre 40 e 200 toneladas por hectare a quantidade de biomassa, que é o total de árvores existentes na região. A variação decorre do tipo de mata encontrado.
O estudo foi divulgado hoje (8) pela Embrapa Solos – unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) – com sede no estado do Rio de Janeiro.
O coordenador do estudo, o engenheiro florestal Jorge Lima, disse que a biomassa da Mata Atlântica calculada na APA Rio Macacu representa mais de 95% da massa viva existente naquela área. Isso equivale a cerca de 18 a 90 toneladas de carbono sequestrados ao ambiente. “Dessas 40 a 200 toneladas de biomassa, 45% são carbono, ou seja, é uma limpeza da atmosfera que se faz.”
O estudo foi encaminhado ao secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, e deve ajudar o governo fluminense na regulamentação do decreto número 42.090, de 15 de junho passado, que estabelece o pagamento por serviços ambientais, por meio do Programa Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais (Pro-PSA). A análise contribui para classificar as florestas por meio da medição de sua qualidade.
Cada hectare de carbono sequestrado tem um valor, dependendo do tipo de mata, disse Lima. De acordo com o decreto, “são considerados serviços ambientais, passíveis de retribuição, direta ou indireta, monetária ou não, as práticas e iniciativas prestadas por donos, a qualquer título, de área rural situada no estado do Rio de Janeiro, que favoreçam a conservação, manutenção, ampliação ou a restauração de benefícios propiciados aos ecossistemas.”
O estudo da Embrapa Solos deve estimular os proprietários rurais a conservar as florestas em seus territórios e promoverem o replantio. “Para incentivar as pessoas a manter as florestas e a replantar, o governo está remunerando na faixa de R$ 100 por cada hectare de mata preservado. O estudo ajuda a dar valor a essa mata.”. Segundo Lima, as matas leves, que apresentam fragmentação, valem menos. As com maior biomassa e diversidade valem muito mais, completou.
Situada a 80 quilômetros da capital fluminense, a APA Rio Macabu faz parte da região metropolitana do Rio e conta com cerca de 40% do território ocupado por florestas, devido à proteção natural oferecida pelas escarpas da Serra do Mar, disse Lima.
Ele destacou a importância da preservação das florestas em todo o mundo. De acordo com Lima, o desmatamento mundial atinge em torno de 13 milhões de hectares/ano. Isso representa 18% das emissões anuais de gases de efeito estufa no globo. O pesquisador destacou que o sequestro de carbono “passa a ser um serviço reconhecido não só pelo estado do Rio de Janeiro, mas tem uma dimensão global de preservação”.
A Mata Atlântica tem maior diversidade que a Amazônica, embora seja menor em termos de tamanho, observou Lima. “Como ela tem essa diferença de altitude – tem região serrana fria, zona baixa úmida, zona seca, tem clima ameno, quente ou chuvoso -, temos uma diversidade de ambiente muito maior que a Amazônia. E a preservação dessas matas também ajuda. É o abrigo para a biodiversidade.”
Agência Brasil