Corredor de Biodiversidade recompõe florestas e gera renda

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BELO HORIZONTE (15/10/08) – Iniciativa inédita em Minas Gerais promete ser benéfica para o meio ambiente e rentável para pequenos e médios produtores mineiros. A proposta de revegetar áreas de preservação permanente – como topos de morro, margens de cursos d’água e nascentes – adequar propriedades rurais à legislação ambiental e ainda receber incentivos financeiros, atraiu cerca de 230 produtores da Zona da Mata. As ações estão previstas no Projeto de Corredor de Biodiversidade Brigadeiro/Caparaó, do Projeto de Proteção da Mata Atlântica de Minas Gerais (Promata-MG), iniciativa do Instituto Estadual de Florestas (IEF).  O Corredor de Biodiversidade abrange cerca de 30 quilômetros, em linha reta, entre o Parque Estadual da Serra do Brigadeiro e o Parque Nacional do Caparaó, interligando os fragmentos de mata atlântica entre as duas unidades de conservação. O objetivo dos corredores, áreas que unem remanescentes florestais, é permitir o livre trânsito de animais e a dispersão de sementes. A ação fortalece a preservação da biodiversidade, a conservação da água e do solo e contribui para o equilíbrio climático e paisagístico.
O projeto prevê o plantio de dois mil hectares de espécies nativas e eucalipto em propriedades localizadas entre os dois parques. Formado pelos eixos Norte e Sul, o corredor será apresentado a organismos internacionais, para validação no âmbito dos Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL), como um projeto de seqüestro de carbono. Além do ganho ambiental, o projeto criará oportunidade de renda para pequenos e médios agricultores, que receberão recursos gerados pelo carbono seqüestrado por seus plantios.

No período de 2009/2010, serão plantados dois mil hectares, a metade com espécies nativas e os outros 50% com floresta de produção (eucalipto e espécie nativa com valor comercial) em propriedades nos municípios de Alto Caparaó, Alto Jequitibá, Caparaó, Carangola, Divino, Espera Feliz, Fervedouro, Luisburgo, Orizônia, Pedra Bonita, Rosário da Limeira, Santa Margarida e São João de Manhuaçu. O Promata já atua no entorno das duas unidades de conservação promovendo a recomposição florestal em propriedades rurais.

Adesão dos produtores

A bióloga Viviane da Silva Oliveira, da Agência de Atendimento em Florestas, Pesca e Biodiversidade (Aflobio) do IEF de Espera Feliz, observa que pequenos e médios produtores têm dificuldades no plantio de florestas devido aos custos. A agência tem cerca de 50 produtores cadastrados e uma lista de espera com outros 20. Além de acesso a novas fontes de renda, os produtores interessados perceberam que poderão recuperar a reserva legal de suas propriedades.

O empresário do setor de laticínios Juarez Hosken, explica que aderiu ao programa porque precisou cortar árvores e encontrou na proposta a melhor forma de fazer a reposição florestal. A propriedade de Hosken possui 500 hectares, dos quais 360 serão dedicados ao plantio de florestas. “Eu acho que fiz uma boa coisa, todo mundo tem de colaborar com o meio ambiente”, declarou.

Geração de renda

A exemplo de Hosken, para os produtores que aderiram ao programa e assinaram o termo para o plantio, o IEF fornecerá mudas, adubo, formicida, mourão, grampo e semente. A mão-de-obra e os cuidados ficam por conta do produtor, que deverá receber em crédito de carbono um mínimo de R$ 100, valor que pode chegar a R$ 500 por hectare/ano de floresta plantada. O IEF ofereceu quatro modalidades de recuperação e plantio, mas a grande maioria dos agricultores optou pelo sistema silvipastoril, combinação de árvores, pastagem e gado numa mesma área, com manejo integrado.

Para o advogado aposentado e proprietário de quase 50 hectares em Espera Feliz José Paulo dos Santos, o programa vai permitir que ele proteja as 18 nascentes existentes em sua fazenda. “O mais importante é proteger as minas de água. Sem água, a propriedade não vale nada e o reflorestamento vai elevar a umidade. O pasto vai melhorar”, avalia o proprietário. Ele pretende dedicar dez hectares para a composição da reserva legal e outros cinco para plantar eucalipto de forma consorciada com a criação de gado.

O pagamento pelo seqüestro de carbono retirado da atmosfera gera créditos que podem ser negociados no mercado internacional, por parte da instituição financiadora do projeto, no caso, o Banco KfW, órgão de apoio financeiro internacional do Governo Alemão. A quantidade de carbono seqüestrada e o montante de recursos gerados dependem da taxa de crescimento das espécies utilizadas – mais rápida para eucalipto e mais lenta para espécies nativas – e da capacidade de absorção de carbono pela madeira.

Técnicos do IEF e da ONG Ambiente Brasil identificaram os fragmentos florestais, cadastraram produtores que manifestaram interesse em participar e georreferenciaram as áreas que serão recompostas. Por meio de uma consultoria alemã, o Promata está elaborando o PDD (Project Design Document for Florestation and Reflorestation, em inglês), que será submetido à validação por parte de instituição internacional competente. Para validação será examinada a adequação ao Protocolo de Kyoto. Se aprovado, o projeto estará apto a obter financiamento por parte do Banco KfW.
Agência Minas/ Devair

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