As fortes chuvas que atingiram Roraima causaram estragos, isolaram parte do estado do restante do país e ameaçam provocar o desabastecimento de alimentos e de combustível. Esse já é considerado o inverno mais rigoroso da história de Roraima. Diversas comunidades estão isoladas, algumas há mais de 15 dias, caso das localizadas no município de Uiramutã, na região Norte do estado, próximo à fronteira com a Guiana. No interior, aulas foram suspensas e as férias escolares antecipadas para não colocar em risco a vida dos estudantes que tinham que enfrentar fortes correntezas para chegar, de barco, às escolas. Segundo a Defesa Civil estadual, cerca de 80% dos bairros da capital, Boa Vista, estão inundados. De acordo com o coronel Kleber Gomes, da Defesa Civil, o número total de desabrigados e desalojados ainda é incerto, mas somente nos municípios de Caracaraí e na capital os desabrigados já passam de 200 pessoas. “Estamos levando alimentos para algumas famílias atingidas, mas todas as nossas embarcações estão sendo usadas prioritariamente para remoção das pessoas. Tivemos que contratar balsas para levar combustível para suprir os geradores dos municípios isolados”, disse o coronel em entrevista ao jornal da Rádio Nacional da Amazônia. De acordo com o coronel, os estoques de alimentos existentes ainda devem durar pelo menos mais 15 ou 20 dias. “Esperamos que neste período o nível das águas comece a baixar ou então teremos que levar suprimentos por via aérea.” Ontem (5), o governo decretou estado de calamidade pública em todo o território. Hoje (6), o governador José de Anchieta (PSDB) viajou a Brasília para pedir ajuda e recursos do Ministério da Integração Nacional. As principais rodovias do estado foram afetadas e apresentam trechos impossíveis de transpor. A BR-174, que liga Roraima ao Amazonas e à Venezuela, foi totalmente interditada. O tráfego também foi interrompido na BR-401 que liga o Brasil à Guiana e que teve meia pista coberta pelas águas do Rio Branco. Embora tenha parado de chover na capital, o nível do Rio Branco continua alto devido ao acúmulo de água em suas nascentes. Neste final de semana, a elevação do nível do rio superou a maior marca já registrada, em 1976, ultrapassando em dez metros o volume considerado normal.
Agência Brasil