Ataque dos ratos

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esgotoTer a casa invadida por ratos ou conviver com eles por ruas e córregos da cidade é algo que apavoraria qualquer um. A situação, embora terrível, infelizmente é possível.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), existe uma média de três ratos para cada habitante no mundo. E a grande preocupação nesse convívio próximo entre roedores e o homem está no risco de transmissão de doenças, como a leptospirose. Em 2008, foram confirmados 2,5 mil casos no Brasil com mais de 230 mortes.

A proximidade dos ratos com o ambiente urbano ocorre principalmente por causa de condições criadas pelas pessoas no dia a dia.

Ao acumular lixo e não manter uma limpeza adequada em casas e quintais, são criadas três condições básicas para a existência de roedores: alimento, água e abrigo. “Pesquisas indicam que, no Brasil, 42% do lixo acumulado é de matéria orgânica (origem vegetal ou animal), ou seja, a comida que jogamos fora serve de alimento para o rato”, argumenta o biólogo João Paulo Correia Gomes, da Sociedade Brasileira sobre Vetores e Pragas (SBVP).

Se o lixo orgânico supre as necessidades de alimentação, entulhos e frestas em paredes garantem o abrigo, e lugares úmidos ou com acúmulo de líquidos, a água.Nos locais infestados por ratos, é preciso se preocupar com as doenças, em especial a leptospirose. Ela, normalmente, está associada à chuva e enchentes, já que é na urina do rato que está presente a bactéria Leptospira, que penetra no corpo através da pele e de mucosas (olhos, nariz e boca).

Como ela necessita de umidade para sobreviver, encontra na água, lama ou no solo úmido condições favoráveis para isso. “Se uma pessoa se expõe à água com urina de rato, em

enchentes ou alagamentos, por exemplo, e tiver algum ferimento ou mesmo ficar muito tempo em contato – já que seus poros dilatam e a bactéria penetra –, as chances de contrair leptospirose são grandes”, alerta Gomes. De acordo com o Ministério da Saúde, em 2008, as regiões do País que mais registraram casos da doença foram Sul e Sudeste, com 920 e 816 ocorrências, respectivamente. Aconteceram 100 mortes na Região Sudeste e 61 na Sul.

Os sintomas mais comuns da doença são dor de cabeça, febre e dores no corpo, principalmente nas panturrilhas (batata da perna). A melhor forma de prevenir o contágio é evitar o contato com água de enchentes e não nadar ou brincar em ambientes que possam estar contaminados.

Quem trabalha com limpeza de locais com lama e detritos ou com desentupimentos deve usar botas e luvas de borracha. Se o contato com a água contaminada for inevitável, é importante que ocorra no menor tempo possível. Caso adoeça, procure um médico imediatamente. Normalmente, a pessoa leva de 7 a 15 dias para manifestar a doença.

Com a superpopulação das cidades, a coleta, a destinação inadequada dos resíduos e, principalmente, a falta de saneamento básico, é difícil controlar o aumento no número de ratos. Para isso, o envolvimento da população em cuidados com a higiene é fundamental.

“É necessário um controle químico, com raticidas em locais estratégicos, mas isso sozinho não resolve. É preciso conscientizar as pessoas a manter os córregos limpos, não jogando sujeiras ou alimentos, a colocar o lixo na rua somente na hora que o lixeiro for passar – já que os ratos têm hábitos noturnos – e guardar bem os alimentos”, ressalta Gomes.

Qualquer um pode ser vítima da invasão de ratos, já que eles possuem um olfato muito apurado e encontram comida com facilidade. Esses roedores comem de tudo, inclusive alimentos de cães, gatos e aves, que devem ser guardados durante a noite. Quando forem usadas armadilhas ou iscas envenenadas (que devem ser aplicadas por técnicos devidamente capacitados), é preciso que os alimentos estejam bem guardados.

Caso contrário, a comida fresquinha será bem mais chamativa. Após ingerir raticidas, os animais podem levar de 5 a 8 dias para morrer.

Fonte: Folha Universal

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