Começou por volta das 10h30, na Justiça Federal de Alagoas, o júri popular do caso Ceci Cunha. A deputada federal alagoana foi morta a tiros na varanda da casa da irmã em 1998. O caso ganhou repercussão tanto pela crueldade dos assassinatos – além de Ceci, outros três parentes foram mortos – quanto pela demora na tramitação na Justiça, já que 13 anos depois do fato, os cinco acusados não foram julgados sequer uma vez.
O julgamento pode durar até três dias e está sendo transmitido ao vivo. Quando a sessão começou, havia mais de 600 pessoas conectadas, e as câmeras mostravam que o auditório da Justiça Federal, onde ocorre o julgamento, também está lotado.
Logo no início, a defesa tentou, mais uma vez adiar o julgamento, alegando que havia recursos pendentes a serem analisados antes da convocação do tribunal do juri. O juiz André Granja recusou o argumento, lembrando que o Tribunal Regional Federal da 5ª Região já entendeu que esses recursos não têm efeitos suspensivos.
Ele lembrou também que o processo está cadastrado no programa Justiça Plena, da Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que acompanha de perto casos de grande repercussão social que estão parados. “O meu compromisso com o CNJ foi que tão logo esse caso chegasse às minhas mãos, levaria o mais rápido possível para julgamento”, argumentou o juiz, acrescentando que o processo está sob sua responsabilidade desde setembro do ano passado.
De acordo com o Ministério Público, o crime teve motivação política, pois o primeiro suplente da vaga, o ex-deputado Talvane Albuquerque, queria ocupar o posto na Câmara dos Deputados para retardar o julgamento de outros processos a que respondia na Justiça. Ele nega todas as acusações.
A deputada foi assassinada em dezembro de 1998 pouco depois de ser diplomada no cargo. Ela visitava a irmã, que havia acabado de ganhar um bebê. Três assessores de Talvane invadiram a varanda onde todos conversavam e dispararam dezenas de tiros. Além de Ceci, foram mortos seu marido, o cunhado e a mãe do cunhado. Apenas a irmã da deputada e o bebê escaparam com vida.
Talvane assumiu a vaga de Ceci Cunha, mas foi cassado por quebra de decoro por suposto envolvimento com pistoleiros em 1999. Também são acusados os assessores de Talvane, considerados os executores do crime: Jadielson Barbosa da Silva, Alécio César Alves Vasco, José Alexandre dos Santos e Mendonça Medeiros da Silva. Todos respondem à Justiça em liberdade.
Hoje, o processo reúne mais de 6 mil páginas, e a lenta tramitação foi motivada por sucessivos recursos da defesa, entre eles o questionamento se o caso deveria ser julgado pela Justiça estadual ou federal. Depois de passar seis anos sob a responsabilidade estadual, hoje o processo tramita na esfera federal. A data do júri popular, sem possibilidade de novos recursos pleiteando o adiamento, foi marcada em novembro.
Agência Brasil