Na próxima quinta-feira (26), o protagonismo comunitário de Vila Velha, no Espírito Santo (ES), ganha destaque internacional na 8ª Expo Brasil Desenvolvimento Local, em São Paulo (SP). Na ocasião, três mil participantes de sete países – Argentina, Chile, Bolívia, França, Portugal, Cabo Verde e Estados Unidos – poderão conhecer as experiências de organização coletiva conduzidas pela Rede de Desenvolvimento do município. São iniciativas como bancos comunitários, trabalho e turismo sustentável – ações que têm conseguido melhorar a vida da população local.
Das cinco regiões administrativas da cidade, a Rede atua em duas. Uma das iniciativas apresentadas no encontro será a do Banco Terra, que funciona desde 2005 na Região V de Vila Velha com foco na geração de renda. Além de gerar empregos diretos, o banco comunitário apoia empreendimentos familiares e oferece crédito em Real e em moeda social. “Vários estabelecimentos comerciais operam com a alternativa. O objetivo é fazer com que a riqueza circule dentro do próprio território”, reforça Cristina Pupim, da ONG Movive, acrescentando que os moradores também participam de atividades de capacitação profissional e educação ambiental.
Na comunidade da região Bacia do Aribiri, a opção inovadora para acessar crédito e fortalecer o desenvolvimento local é o banco comunitário Verde Vida. Com o diferencial de ser voltada para o cuidado com o meio ambiente, a instituição opera com uma moeda alternativa denominada Verde. A aquisição da Verde é feita mediante a troca de materiais recicláveis no posto de coleta instalado na sede do Banco, no bairro Ataíde, onde também funciona um supermercado solidário.
A dinâmica funciona da seguinte maneira: o morador separa seu lixo, leva até o banco, troca pela moeda social e depois pode utilizá-la para fazer compras no mercado. São aceitos plásticos, papéis, óleo de cozinha, metais e vidro e o custo da cesta básica sai 10% mais barato que o preço de mercado. “O mais importante do banco é garantir que ele financie a economia local e a moeda é o que torna esse processo tangível”, pontua Cristina.
Atualmente, o Verde Vida opera apenas com a Verde, mas busca fundos para financiar empreendimentos ambientalmente corretos em Real. É o caso de costureiras que reutilizam retalhos, artesãos que usam o lixo como matéria-prima ou um estabelecimento comercial que queira instalar fossa séptica. “Para acessar financiamentos, os grupos produtivos terão que se comprometer com questões como a redução do consumo de energia elétrica e a reciclagem”, explica Renata Santiago Lima, assistente social da Movive.
Morador do bairro há 35 anos, João Manoel Santos participou de todo o processo de implantação do Banco. “Discutimos isso por mais de um ano. Não é uma coisa que nasceu de uma hora para outra. Fizemos várias assembleias e visitamos outros bancos comunitários pelo país para conhecer a experiência”. Para seu Manoel, a iniciativa mudou para melhor a rotina da comunidade. “Eu criei meus filhos e tenho neto aqui. Onde antes era um rio, hoje tem um valão entupido de lixo. Agora vamos aprender que somos responsáveis por mudar essa realidade.”
Turismo e sustentabilidade
Outra ação desenvolvida pela Movive é a criação de uma rede de turismo de base comunitária em seis municípios da Região Metropolitana de Vitória. A ONG teve projeto aprovado junto ao Ministério do Turismo e já iniciou sua execução. “Estamos na fase de capacitação dos atores envolvidos. Eles estão aprendendo a fazer planos de negócio e a produzir artesanatos que identifiquem o lugar onde estão inseridos”, conta Cristina. A expectativa é de que a rede turística comece a atuar no final de 2010 nas rotas Mar, Montanha, Sol e Moqueca.
Serviço
8ª Expo Brasil Desenvolvimento Local
Data: 25 a 27 de novembro
Local: Centro de Eventos Anhembi, em São Paulo (SP)
Fonte 8ª Expo Brasil, por Fernanda Barreto.