Com a destruição do sistema de saúde do Haiti por causa do terremoto que arrasou o país, as equipes brasileiras terão de ficar, pelo menos, até o final do ano no país caribenho para ajudar na reconstrução, segundo estimativa do coordenador de Urgência e Emergência do Ministério da Saúde, Clesio Castro, à Agência Brasil.
Na última quinta-feira (21), o ministério comunicou o plano de cooperação para reestruturar a rede de saúde dos haitianos que prevê a construção de dez unidades de pronto-atendimento (UPAs), envio de 50 ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e de equipes do Programa Saúde da Família, totalizando desembolso de R$ 135 milhões, que serão liberados por medida provisória.
Em um primeiro momento, a prioridade é socorrer os feridos no tremor. Estima-se que existam no mínimo 200 mil. Cada UPA tem capacidade de atender 450 pacientes por dia. As unidades são equipadas, por exemplo, com consultórios de pediatria, ortopedia, laboratório clínico, salas de raio-x, gesso, sutura e nebulização. A montagem será feita pelos militares no Haiti a partir de placas pré-fabricadas no Brasil. As ambulâncias terão aparelhos de terapia intensiva.
O coordenador Clesio Castro disse que o auxílio brasileiro não resume-se aos atendimentos de emergência, mas colaborar no controle de doenças e normalização do atendimento médico aos haitianos, como a realização de partos e dar continuidade a tratamentos interrompidos pelo caos causado pelo terremoto.
“Não é apenas atender as vítimas do terremoto, mas estabelecer condições de atender toda a população haitiana. A gente não tem uma noção precisa, mas até o final de 2010, o Brasil terá que ser muito atuante para ajudar o Haiti a reconstruir o sistema de saúde”, disse o coordenador à Agência Brasil.
As equipes do Saúde da Família – formada por médico, enfermeiro, auxiliar de enfermagem (um de cada) e até seis agentes comunitários – serão responsáveis pelos cuidados básicos à população.
Uma média de 30 profissionais deverá ser mobilizada por mês para execução do plano. Os 13 primeiros especialistas devem embarcar para o Haiti no dia 29 deste mês. São servidores de hospitais federais do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul e ficarão por nove meses em um porta-aviões italiano que será transformado em hospital.
O ministério informa que o cadastro de voluntários já tem mais de 3.500 profissionais. Castro explica que um grupo maior ainda não foi recrutado por questões de segurança e falta de infra-estrutura de trabalho no Haiti.